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Série marca consultas com o analista
Público pode acompanhar sessões semanais dos pacientes de "Em Terapia", atendidos por personagem de Gabriel Byrne
Programa é a nova aposta da HBO para recuperar parte do prestígio perdido após encerramento de "Família Soprano" e "Sex and the City"
LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL
Órfã das meninas buliçosas
de "Sex and the City" (1998-2004) e dos mafiosos de "A Família Soprano" (1999-2007),
que ajudaram a formatar sua
identidade de canal ousado e
inovador (além de adorado pela
crítica), a HBO norte-americana resolveu marcar uma hora
no terapeuta. Cinco, para ser
mais preciso.
O resultado é "Em Terapia",
série exibida cinco vezes por
semana na qual o psicanalista
Paul Weston (Gabriel Byrne, de
"Os Suspeitos" e "O Homem da
Máscara de Ferro") ouve, de segunda a quinta, as agonias de
pacientes de perfis distintos. Às
sextas, é ele quem desfia suas
dores para a colega de profissão
Gina (Diane Wiest, de "Tiros na
Broadway"). O primeiro dos 43
episódios da temporada inaugural vai ao ar amanhã na HBO
brasileira.
A divisão da história em cinco subtramas independentes (o
espectador pode escolher a que
deseja acompanhar, já que os
pacientes têm dia fixo para
"voltar") é parte do esforço da
HBO para reconquistar o público e a imprensa especializada
nos Estados Unidos.
Nos últimos anos, safras
ruins (de "Carnivale" a "John
from Cincinatti") deixaram a
emissora sem "peças de reposição" para suas séries-assinatura, que envelheceram e saíram
do ar. As atenções e simpatias
migraram para canais como
Showtime (casa de "Weeds" e
"Californication") e FX ("Nip/
Tuck" e "Damages").
Modelo israelense
A HBO, então, foi às compras
em Israel: adquiriu o formato
de "Be'Tipul", série em que um
terapeuta escutava, entre outros tipos, uma anestesista desgostosa da vida afetiva e um militar com estresse pós-traumático causado por sua atuação na
morte de inocentes em um conflito armado. Na transposição
para a TV americana, manteve-se o registro austero, calcado
em texto e atuações -a câmera
raramente deixa o consultório.
O despojamento de "Em Terapia" parece ter ajudado a encerrar a cisma da crítica com a
HBO. Os comentários foram
majoritariamente positivos. O
"New York Times", por exemplo, chamou o programa de "inteligente e hipnótico", e os episódios, de "viciantes".
Na contramão, a revista "Variety" acusou uma certa empolação teatral nas atuações, além
da escolha de uma fauna de
personagens incapaz de gerar
identificação no público.
O público dos EUA se fiou
nessa turma "do contra", a julgar pelos índices de audiência
da estréia, em janeiro passado.
Menos de 450 mil pessoas viram a anestesista Laura reclamar do namorado e declarar
seu amor pelo dr. Weston.
Em seus dias áureos, "A Família Soprano" teve mais de 10
milhões de espectadores. O
mulherio de "Sex and the City"
beirava os oito milhões.
Preterido, dr. Weston já tem
o que choramingar para sua terapeuta das sessões de sexta.
EM TERAPIA
Quando: estréia amanhã, às 20h30; de
segunda a sexta, no mesmo horário
Onde: na HBO (classificação: 16 anos)
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