São Paulo, segunda-feira, 11 de maio de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Crítica/show

Em SP, Oasis mostra que ainda tem gás

Apesar de não estar mais no auge, grupo reuniu cerca de 15 mil pessoas anteontem na Arena Anhembi em show enérgico

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Parecia um triste déjà-vu. Início da noite de sábado e São Paulo está sob chuva forte. Tão forte quanto a que caiu em 15 de março de 2006, última passagem do Oasis pela cidade.
Naquele show, a água desabou incessantemente durante toda a apresentação. Parecia que desta vez o infortúnio se repetiria. Mas, às 22h, quando o grupo inglês subiu ao palco da Arena Anhembi, a chuva cessou. Pouco depois, a água voltou, mas só por alguns minutos.
"O que acontece entre o Oasis e São Paulo?", brincou o guitarrista Noel Gallagher em certo momento. "Toda vez que a gente vem aqui, chove."
Até ali, Noel e o irmão, Liam, estavam de bom humor. Era a quarta visita da banda pelo Brasil, e arrastaram ao Anhembi cerca de 15 mil pessoas, segundo a Polícia Militar.
O bom humor dos irmãos foi embora durante "Morning Glory", a 11ª música tocada (foram 20 no total). No meio da canção, alguém atirou algo que parecia uma pilha na direção de Liam. O vocalista fez cara feia, pegou o objeto no chão e mostrou para alguém no backstage. A banda continuou tocando.
Ao final da música, Noel foi ao microfone e disse:
"Se vocês continuarem atirando coisas no palco, nós vamos sair fora. Se virem alguém tentando jogar algo, chamem os seguranças".
Ninguém atirou mais nada, e a apresentação seguiu entre faixas rápidas e enérgicas e baladas melódicas.
O Oasis já não é a maior -nem a melhor- banda do mundo. Estamos em 2009, não em 1996, e os Gallagher envelheceram, perderam o toque de ouro que criou faixas como "Rock and Roll Star", "Slide Away" e "Wonderwall" -todas apresentadas no show.
Mas eles sabem disso, e entregam-se no palco -Liam bate palmas, brinca com o público, Noel assume alguns solos de guitarra e vemos que ainda continua um ótimo músico.

Carisma
Gem Archer (guitarra) e Andy Bell (baixo), os outros integrantes do Oasis, são coadjuvantes de luxo, como os convidados Chris Sharrock (bateria) e Jay Darlington (teclado).
Liam e Noel são os alvos de olhares e gritos da plateia.
A voz de Liam já não é a mesma da dos anos 1990 -ele pula algumas notas, segura os agudos-, mas seu carisma (ou prepotência, para os que não são fãs) ainda é insuperável. Movimenta-se pouco, faz careta e gestos de bad boy.
Em São Paulo, como no Rio, na quinta-feira, a banda repassou vários hits, como "Supersonic", "The Masterplan" e "Cigarettes and Alcohol".
Aqui e ali, músicas de "Dig Out Your Soul", o bom álbum lançado no ano passado. "Shock of the Lightning" e "Waiting for the Rapture", por exemplo, soam mais vigorosas ao vivo do que em estúdio.
Mas o que fez a fama do Oasis foram as músicas de melodias muito bem construídas. Como "Don't Look Back in Anger", que abriu o bis e foi cantada por Noel e pelo público.
"Champagne Supernova", a penúltima, apesar da letra boba, nonsense, ganha corpo e emociona principalmente pelo vocal de Liam.
A banda encerrou com uma versão pesada de "I Am the Walrus", dos Beatles. Um show que mostra que o Oasis não é mais a maior ou melhor, mas uma banda que ainda tem gás.

Avaliação: bom

Texto Anterior: Saiba mais: Geração beat defendia o não conformismo
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.