|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Caetano homenageia internautas e Boal
Cantor dedica o 1º show de "Zii e Zie", no Rio, às pessoas que mais escreveram em seu blog; diretor de teatro é lembrado
"Ele nos ensinou o que significa mover-se num palco", disse Caetano sobre Augusto Boal; das 24 músicas, 11 foram do CD mais recente
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
Fã de Caetano Veloso há 31
de seus 40 anos, desde que um
programa de música brasileira
estreou numa rádio de seu país,
a uruguaia Veronica Jeroian
vendeu seu Fusca para poder
comprar uma passagem de
avião e estar no Rio na última
sexta. Queria assistir à primeira
noite do show "Zii e Zie" no Canecão, e acabou homenageada
pelo cantor.
Ele dedicou a apresentação
às pessoas que escreveram assiduamente no blog "Obra em
Progresso", criado para acompanhar os shows homônimos
que fez no Rio em 2008, quando foram lançadas quase todas
as canções de "Zii e Zie", o CD.
Para a estreia de sexta, 25 frequentadores do blog saíram de
outros Estados ou países para
se conhecerem pessoalmente e
conversarem com Caetano. No
palco, ele ressaltou que havia
fãs vindos até do Uruguai e da
Argentina.
Eram os casos de Veronica
-ou melhor, Vero Verinho, como se identificava no blog- e
da cantora Exequiela Goldini,
32, que chegou de Buenos Aires
e pôde ver seu ídolo interpretando "Volver", de Carlos Gardel. No último texto de sua página, em 14 de abril, Caetano
escreveu que as duas eram
"sempre mais sexuais do que as
discretas brasileiras".
"Contava meus sonhos com
Caetano", justificou Exequiela.
"Sempre brigava com
quem discordava dele", disse
Veronica.
Das 24 músicas do repertório
(incluindo as do bis), 11 foram
de "Zii e Zie". Dentre as do passado, cantou "Maria Bethânia",
que fez no exílio londrino e gravou em 1971. Ele a dedicou ao
diretor de teatro Augusto Boal,
morto no último dia 2 e que dirigiu a ele, Bethânia, Gilberto
Gil, Gal Costa e Tom Zé em
"Arena Canta Bahia" (1965).
"Ele nos ensinou o que significa mover-se num palco. É
uma das maiores figuras da arte
brasileira. Tivemos que assumir posições antagônicas no
tropicalismo, mas em "Verdade
Tropical" [livro de Caetano]
aparece, ainda que alguém pense ter lido diferentemente, como um grande herói", disse o
cantor no palco.
"Irene", que marca sua ida
para o exílio, "Trem das Cores",
"Não Identificado", "Aquele
Frevo Axé", "Eu Sou Neguinha?", "Três Travestis" -que
havia cantado na época do
caso Ronaldo/travestis- e
"Força Estranha" foram outras
recuperadas.
Na abertura, "A Voz do Morto", em que reverencia o samba
e Paulinho da Viola especificamente, apareceu com citações
de "Kuduro", da banda baiana
Fantasmão.
"Apesar do power trio [Pedro
Sá, Ricardo Dias Gomes e Marcelo Callado], é um show muito
delicado", exaltou Jaques Morelenbaum, ex-maestro de Caetano, um dos muitos artistas
presentes ao Canecão, entre
músicos, cineastas e atores.
O show ainda não tem data
para chegar a São Paulo.
Texto Anterior: Luiz Felipe Pondé: De joelhos Próximo Texto: Erudito: Mozart Quartet se apresenta hoje e amanhã no teatro Alfa Índice
|