São Paulo, segunda-feira, 11 de maio de 2009

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Caetano homenageia internautas e Boal

Cantor dedica o 1º show de "Zii e Zie", no Rio, às pessoas que mais escreveram em seu blog; diretor de teatro é lembrado

"Ele nos ensinou o que significa mover-se num palco", disse Caetano sobre Augusto Boal; das 24 músicas, 11 foram do CD mais recente

LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO

Fã de Caetano Veloso há 31 de seus 40 anos, desde que um programa de música brasileira estreou numa rádio de seu país, a uruguaia Veronica Jeroian vendeu seu Fusca para poder comprar uma passagem de avião e estar no Rio na última sexta. Queria assistir à primeira noite do show "Zii e Zie" no Canecão, e acabou homenageada pelo cantor.
Ele dedicou a apresentação às pessoas que escreveram assiduamente no blog "Obra em Progresso", criado para acompanhar os shows homônimos que fez no Rio em 2008, quando foram lançadas quase todas as canções de "Zii e Zie", o CD.
Para a estreia de sexta, 25 frequentadores do blog saíram de outros Estados ou países para se conhecerem pessoalmente e conversarem com Caetano. No palco, ele ressaltou que havia fãs vindos até do Uruguai e da Argentina.
Eram os casos de Veronica -ou melhor, Vero Verinho, como se identificava no blog- e da cantora Exequiela Goldini, 32, que chegou de Buenos Aires e pôde ver seu ídolo interpretando "Volver", de Carlos Gardel. No último texto de sua página, em 14 de abril, Caetano escreveu que as duas eram "sempre mais sexuais do que as discretas brasileiras".
"Contava meus sonhos com Caetano", justificou Exequiela. "Sempre brigava com quem discordava dele", disse Veronica.
Das 24 músicas do repertório (incluindo as do bis), 11 foram de "Zii e Zie". Dentre as do passado, cantou "Maria Bethânia", que fez no exílio londrino e gravou em 1971. Ele a dedicou ao diretor de teatro Augusto Boal, morto no último dia 2 e que dirigiu a ele, Bethânia, Gilberto Gil, Gal Costa e Tom Zé em "Arena Canta Bahia" (1965).
"Ele nos ensinou o que significa mover-se num palco. É uma das maiores figuras da arte brasileira. Tivemos que assumir posições antagônicas no tropicalismo, mas em "Verdade Tropical" [livro de Caetano] aparece, ainda que alguém pense ter lido diferentemente, como um grande herói", disse o cantor no palco.
"Irene", que marca sua ida para o exílio, "Trem das Cores", "Não Identificado", "Aquele Frevo Axé", "Eu Sou Neguinha?", "Três Travestis" -que havia cantado na época do caso Ronaldo/travestis- e "Força Estranha" foram outras recuperadas.
Na abertura, "A Voz do Morto", em que reverencia o samba e Paulinho da Viola especificamente, apareceu com citações de "Kuduro", da banda baiana Fantasmão.
"Apesar do power trio [Pedro Sá, Ricardo Dias Gomes e Marcelo Callado], é um show muito delicado", exaltou Jaques Morelenbaum, ex-maestro de Caetano, um dos muitos artistas presentes ao Canecão, entre músicos, cineastas e atores.
O show ainda não tem data para chegar a São Paulo.

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