|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MÚSICA
Co-inventora do violão bossa nova de Baden Powell, artista fluminense vivia em estado de coma desde 1992
Rosinha de Valença morre aos 62 anos
DA REPORTAGEM LOCAL
Encerrou-se na madrugada de
ontem uma das histórias mais
perturbadoras da música brasileira moderna. Morreu de insuficiência cardiorrespiratória, aos 62
anos, a violinista virtuose Rosinha
de Valença, que vivia em estado
de coma desde 1992, quando sofreu duas paradas cardíacas.
Antes da vida vegetativa, Maria
Rosa Canellas, que nasceu e morreu em Valença (RJ), atravessou
intensa história musical, iniciada
no calor da bossa nova e consolidada na invenção ao violão em
companhia de Baden Powell, fluminense interiorano como ela.
Estreando em disco em 63, pelo
mítico selo Elenco, de Aloysio de
Oliveira, seguiu a rota internacionalista da bossa nova e fez turnês
norte-americanas com Sergio
Mendes, já em 64 -mesmo ano
em que participou do histórico
show de TV "O Fino da Bossa", liderado por Elis Regina.
Foi parceira de Maria Bethânia
em um dos instantes fundadores
da carreira da cantora baiana (o
show "Comigo me Desavim", de
67, em que era a violonista).
Nômade-exilada na virada dos
anos 60 para os 70, lidou com música em países como União Soviética, Israel, Itália, Suíça e África do
Sul. Neste último, formou o grupo
Ipanema Beat, que, com o inglês
Duncan Mackay no órgão, produziu exótica fusão de jazz, samba
e pop, registrada em 70 no álbum
"Rosinha de Valença Apresenta
Ipanema Beat".
De volta ao Brasil, atuou como
produtora, diretora musical e/ou
compositora para artistas como
Marília Medalha ("Caminhada",
73), Wanderléa ("Feito Gente",
75, e "Vamos que Eu Já Vou", 77),
Ney Matogrosso ("Bandido", 76),
Maria Bethânia ("Pássaro da Manhã", 77, e "Álibi", 78) e Leci
Brandão ("Essa Tal Criatura", 80).
Trabalhou com músicos como
João Donato, Sivuca, Copinha,
dona Ivone Lara, Martinho da Vila e Miúcha, mas passou a se afastar do meio musical já a partir da
década de 80.
Em 2001, os músicos Paulo César Feital e Jorge Simas compuseram e gravaram a "Valsa para Rosinha", pedindo que ela acordasse. Rosinha não acordou. Dormiu
para sempre ontem, sem dar explicações, ainda brigada consigo e
com seu Brasil.
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)
Texto Anterior: Erika Palomino: Começa a SP Fashion Week do verão da crise Próximo Texto: Cinema/estréia: Kaufman promove catástrofe psicocriminal Índice
|