São Paulo, sexta-feira, 11 de junho de 2004

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MÚSICA

Co-inventora do violão bossa nova de Baden Powell, artista fluminense vivia em estado de coma desde 1992

Rosinha de Valença morre aos 62 anos

DA REPORTAGEM LOCAL

Encerrou-se na madrugada de ontem uma das histórias mais perturbadoras da música brasileira moderna. Morreu de insuficiência cardiorrespiratória, aos 62 anos, a violinista virtuose Rosinha de Valença, que vivia em estado de coma desde 1992, quando sofreu duas paradas cardíacas.
Antes da vida vegetativa, Maria Rosa Canellas, que nasceu e morreu em Valença (RJ), atravessou intensa história musical, iniciada no calor da bossa nova e consolidada na invenção ao violão em companhia de Baden Powell, fluminense interiorano como ela.
Estreando em disco em 63, pelo mítico selo Elenco, de Aloysio de Oliveira, seguiu a rota internacionalista da bossa nova e fez turnês norte-americanas com Sergio Mendes, já em 64 -mesmo ano em que participou do histórico show de TV "O Fino da Bossa", liderado por Elis Regina.
Foi parceira de Maria Bethânia em um dos instantes fundadores da carreira da cantora baiana (o show "Comigo me Desavim", de 67, em que era a violonista).
Nômade-exilada na virada dos anos 60 para os 70, lidou com música em países como União Soviética, Israel, Itália, Suíça e África do Sul. Neste último, formou o grupo Ipanema Beat, que, com o inglês Duncan Mackay no órgão, produziu exótica fusão de jazz, samba e pop, registrada em 70 no álbum "Rosinha de Valença Apresenta Ipanema Beat".
De volta ao Brasil, atuou como produtora, diretora musical e/ou compositora para artistas como Marília Medalha ("Caminhada", 73), Wanderléa ("Feito Gente", 75, e "Vamos que Eu Já Vou", 77), Ney Matogrosso ("Bandido", 76), Maria Bethânia ("Pássaro da Manhã", 77, e "Álibi", 78) e Leci Brandão ("Essa Tal Criatura", 80).
Trabalhou com músicos como João Donato, Sivuca, Copinha, dona Ivone Lara, Martinho da Vila e Miúcha, mas passou a se afastar do meio musical já a partir da década de 80.
Em 2001, os músicos Paulo César Feital e Jorge Simas compuseram e gravaram a "Valsa para Rosinha", pedindo que ela acordasse. Rosinha não acordou. Dormiu para sempre ontem, sem dar explicações, ainda brigada consigo e com seu Brasil.
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)


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