São Paulo, sexta-feira, 11 de junho de 2004

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PERSONALIDADE

Pioneiro do soul, músico tem entre seus sucessos interpretações de "Georgia on My Mind" e "Hit the Road Jack"

Ray Charles morre aos 73, em Los Angeles

Marcelo Soubhia-11.jun.95/Folha Imagem
O músico norte-americano Ray Charles, durante apresentação no parque Ibirapuera (SP), em 1995


DA REDAÇÃO

O músico Ray Charles morreu ontem, às 15h35 (horário de Brasília), em Los Angeles, aos 73, de complicações relacionadas a uma doença do fígado. Pioneiro da soul music, Charles misturou gospel e blues em sucessos como "Georgia on My Mind" e "Hit the Road Jack". O músico morreu em sua casa, em Beverly Hills.
Em uma de suas últimas aparições públicas, em abril, na cerimônia que conferiu o título de patrimônio histórico ao seu complexo de estúdios construído há 40 anos, no centro de Los Angeles, Ray Charles estava visivelmente fragilizado, em uma cadeira de rodas, com sua voz reduzida a sussurros.
Cego desde os 7 anos de idade e órfão aos 15, Charles, talentoso pianista e saxofonista, driblou as dificuldades e se interessou por diversos estilos musicais, como country, jazz e blues. Charles aprendeu a ler e a escrever música em braile, a reger big bands e a tocar outros instrumentos, como trompete, órgão e clarinete.
"Sua música era atordoante -era blues, era R&B, era gospel, era swing- era tudo o que eu escutava antes daquilo, mas misturado em algo maravilhoso, emocionante", disse o cantor Van Morrison à revista "Rolling Stone" em abril.
Charles ganhou nove de seus 12 prêmios Grammy entre 1960 e 66, incluindo o de melhor gravação R&B por três anos consecutivos ("Hit the Road Jack", "I Can't Stop Loving You" e "Busted").
Suas versões para outras músicas também são bastante conhecidas, como as de "Makin" Whoopee" e "America the Beautiful". Hoagy Carmichael e Stuart Gorrell escreveram "Georgia on My Mind" em 1931, mas esta só se tornou a canção oficial do Estado da Georgia em 1979, muito depois de Charles a ter transformado num standard americano.
"Nasci com música dentro de mim", disse Charles em sua autobiografia, de 1978, "Brother Ray". "A música era uma parte de mim... Como meu sangue. Era uma força que já estava dentro de mim quando cheguei aos palcos. Era uma necessidade, como comida ou água."
Sua simpatia se estendia sobre diferentes gerações: ele tocou com músicos tão diferentes quanto Willie Nelson, Chaka Khan e Eric Clapton e participou de filmes, como "Os Irmãos Cara-de-Pau".
Charles lutou contra o vício heroína por cerca de 20 anos, até ser preso em 1965, em Boston. O cantor se tornou avesso a falar sobre o uso de drogas, temendo que isso influenciasse a opinião das pessoas sobre sua música.

Com agências internacionais


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