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TELEVISÃO
Crítica
Wyler filmou "A Carta" para enfatizar dores
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
É estranho como certos filmes, após conhecerem muito
prestígio em sua época, tendem
a envelhecer. Isso atinge com
muita frequência longas dominados por prima-donas, como
Bette Davis, no caso de "A Carta" (TCM, 23h40; não indicado
a menores de 12 anos). Ela é a
mulher que, na Malásia, mata
um homem que a teria assediado. Legítima defesa da honra,
como se dizia não tão antigamente assim.
Sim, isso até que aparece
uma carta em que se conta uma
versão bem diferente, com a
qual, aliás, o marido confrontará a mulher. Sim, Bette é uma
mulher casada. Qual seria o papel do homem na história?
William Wyler filma tudo
com sombras e reentrâncias,
enfatizando as dores e profundidades de destino só reservadas a mulheres excepcionais,
como Bette. Certos filmes representam um tempo, certo tipo de sentimento, de preconceitos também. Seu interesse
sociológico talvez até cresça
com o tempo. Porém não representam o cinema. Por sorte,
não.
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