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Crítica
Marilyn e Yves Montand ainda flutuam na tela
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Em "Adorável Pecadora"
(Telecine Cult, 14h05), um milionário (Yves Montand) precisa conquistar uma artista (Marilyn Monroe), mas quer ser
acolhido pelo que é e não pelo
dinheiro que tem.
Teoricamente, isso seria fácil
para Yves Montand, na época
um galã de primeira. Mas se
chegasse logo com seu talão de
cheques, qual seria a graça?
Perderia-se o flerte, a cantada.
Seríamos privados das inúmeras ocasiões em que Montand,
fazendo-se de artista, deixa
Marilyn com aquela boca ligeiramente aberta que deixava
simplesmente todo mundo
com a boca toda aberta.
E assim, George Cukor vai levando a comédia e o musical
com uma leveza quase sem fim.
O filme parece flutuar, de tão
leve e sutil.
Bem diferente, nesse sentido, de "Os Desajustados"
(mesmo canal, 16h15), dirigido
por John Huston, que segue
uma direção diametralmente
oposta: tudo é drama, tudo é
seriedade.
A "Pecadora" envelheceu
muito melhor.
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