São Paulo, sexta-feira, 11 de julho de 2008

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MÚSICA

Preço em conta ajuda a divulgar novos artistas

Formato vende bem após shows dos grupos, mas falta de porcentagem para o comerciante dificulta venda em lojas

"Momento de transição" da indústria, que passa do disco físico para o digital, é outro fator apontado por músicos para o sucesso do SMD


COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
DA REPORTAGEM LOCAL

O catarinense (radicado em Alagoas) Wado e o baiano (que vive no Rio) Lucas Santtana são dois artistas que adotaram o disco semimetalizado após experimentar outros formatos.
Wado lançou no começo deste ano "Terceiro Mundo Festivo", seu quarto álbum e o primeiro em SMD. "O preço é fundamental", diz, enfático. O fato de o disco sair a apenas R$ 5 faz dos shows sua maior "plataforma de lançamento", já que as pessoas que assistem à apresentação ficam mais dispostas a comprar pelo menos um.
Mas, argumenta, o preço também dificulta a venda em lojas. O cantor chegou a articular um contrato para distribuição, mas os R$ 5 não cobririam a porcentagem do distribuidor. "O SMD precisa ser pensado além dos shows", diz.
Lucas Santtana, antes de apostar no SMD, lançou seu "3 Sessions in a Green House" (2006) só pelo site www.diginois.com.br , com download gratuito, como Wado fez com seu "Terceiro Mundo" no site www2.uol.com.br/wado.
O lançamento de Santtana, no entanto, passou despercebido, diz ele. "Só começaram a sair reportagens sobre o disco quando eu lancei o álbum físico", conta. "Nós estamos em um momento de transição. Para algumas pessoas o suporte físico ainda é importante."
É o mesmo argumento de Reinaldo Pamponet, criador da Eletrocooperativa, ONG e selo que lança álbuns em SMD -além de Santtana, a Eletrocooperativa relançou recentemente "Saiba", de Arnaldo Antunes, que em 2004 teve distribuição no formato tradicional.
"O CD acabou, mas ninguém explica direito a transição", diz Pamponet. "Por ser barato, o SMD é uma ferramenta importante para migrar o conceito do suporte físico para o digital, fazer o público entender que faz sentido, sim, pagar alguma coisa que seja pela música."
Entre os mecanismos de distribuição da ONG, estão uma máquina de SMDs, instalada na estação de metrô Consolação, em São Paulo, e a venda por jovens nas ruas de Salvador -neste último caso, os vendedores embolsam uma parcela de R$ 1 por SMD, enquanto a Eletrocooperativa fica com R$ 0,50. Os artistas ficam com R$ 1,50 por SMD no modelo de divisão idealizado pela ONG.
O Portal SMD e o pai da idéia, Ralf, não interferem na forma de distribuição. "Soube que o SMD do Arnaldo Antunes vendeu uns 200 de cara na máquina deles", elogia o sertanejo.

Desconhecidos
"Fica mais fácil comprar o disco de um artista desconhecido por R$ 5", diz Felipe Messina, sócio do Bolacha Discos, outro selo que lança no formato e que tem em seu catálogo nomes mais conhecidos no circuito independente carioca, como Binário e Digital Dubs.
"Quase todos os discos que lançamos são de estréia desses artistas, que não conseguem lançar por gravadora ou não estão satisfeitos com elas", diz.
Embora mantenha banquinhas para vendas em shows, o selo Bolacha também vende no varejo. "No começo, tínhamos dificuldade de vender em lojas. Os donos não conheciam o produto, estranhavam o preço, pediam catálogo, mas não havia essa diversidade de SMDs de hoje no mercado." Segundo ele, alguns artistas do selo chegam a 5.000 cópias vendidas. (BB e RC)



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