|
Texto Anterior | Índice
Philip Morris afirma que vai parar
de patrocinar os eventos culturais
DA REPORTAGEM LOCAL
Clodoaldo Celentano, 60, vice-presidente de assuntos corporativos e jurídicos da Philip Morris,
disse ontem que a empresa vai
parar de patrocinar eventos culturais se o projeto de lei que
proíbe a publicidade de tabaco,
aprovado anteontem pela Câmara dos Deputados, virar lei.
Segundo Celentano, os patrocínios culturais prevêem um retorno comercial. "Sem esse retorno, vamos parar", afirmou.
O projeto de lei proíbe a propaganda de cigarros em rádios,
TVs, jornais, revistas e outdoors
e o patrocínio das marcas a eventos culturais e esportivos. Será
ainda apreciado pelo Senado e,
se aprovado, irá para a sanção do
presidente FHC.
Apesar de não citar números,
Celentano enumera os eventos
culturais que a indústria vem patrocinando. "Em 99, trouxemos
a companhia de dança Hubbard
Street Dance Chicago. Neste ano,
estamos com as exposições de
artistas de Copenhagem, Bruxelas e Amesterdã, na Pinacoteca, e
do Cildo Meirelles, no MAM."
A Souza Cruz, fabricante do cigarro Free, que patrocina o Free
Jazz Festival, não comentou o assunto. A versão 2000 do festival
está prevista para outubro.
O departamento de assuntos
corporativos decidiu que só se
pronunciaria a respeito após receber a redação final do projeto,
que passaria por ajustes ontem.
A Dueto Promoções, realizadora do Free Jazz, aguardava
uma posição da indústria para
avaliar as medidas que tomaria.
Nos útimos quatro anos a Souza Cruz investiu R$ 14,7 milhões
em cultura. O principal montante do investimento foi para o
Free Jazz, que elevou a empresa
ao posto de maior mecenas da
música em 98, respondendo por
6% dos incentivos relativos à
área captados no país pela Lei
Federal de Incentivo.
Em 99, o Free Jazz recebeu R$
1,6 milhão por meio de abatimento no imposto de renda.
Advogados
O projeto de lei divide a opinião de advogados. Segundo
Fernando Fortes, 57, especializado em direito da comunicação, o
projeto é inconstitucional. "Esse
precedente, inclusive, é muito
perigoso. Outros produtos podem entrar nesse rol."
Para Luiz Flávio Gomes, 42, ex-juiz e consultor jurídico, as proibições são válidas. "Temos um
conflito de bens jurídicos. De um
lado, está a tutela da saúde pública. De outro, a livre iniciativa das
empresas de tabaco, e o cigarro é
um produto lícito."
Flávia Piovesan, 31, professora
de direito constitucional da
PUC-SP, afirmou que o projeto
de lei apresenta um rigor maior
do que a Constituição. Ela sugere
que o ideal seria permitir as propagandas com as advertências
do Ministério da Saúde.
Rosana Chiavasa, 40, conselheira federal da OAB (Ordem
dos Advogados do Brasil) e
membro da Comissão Nacional
de Direitos Humanos, disse que
não há censura no projeto.
"Acho a proposta salutar."
Texto Anterior: Frase Índice
|