São Paulo, segunda, 11 de agosto de 1997.



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VÍDEO LANÇAMENTOS
Elvis Presley encarna o bom moço americano em três filmes

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
da Reportagem Local

É, Elvis Presley também fazia filmes. Três amostras de sua carreira hollywoodiana chegam ao mercado; todas servem como peças comprobatórias do elevado grau de canastrice alcançado pelo grande cantor quando mudava de ramo.
São elas: "Ama-me com Ternura" (Love Me Tender, 1956), seu longa de estréia, que lançou a hoje mítica canção-título do filme, "Estrela de Fogo" (Flaming Star, 1960) e "Coração Rebelde" (Wild in the Country, 1961).
Se quando lhe falam em Elvis no cinema você pensa em Havaí, "hulla-hulla" e garotas, muitas garotas, desista dos três filmes.
Bem longe disso, gravitam em torno de dramas familiares dignos de qualquer dramalhão mexicano -todos enfocam (coincidência?) a relação intensa dos personagens de Elvis com suas mães.
Vejamos. Em "Ama-me com Ternura" (único do pacote ainda em preto-e-branco) Elvis, ainda coadjuvante, é um garotão que casa com a namorada de seu irmão, por julgá-lo morto na guerra.
Começa a cantar aos 23 minutos de filme -olhando nos olhos de sua mãe-, o que já aponta o faro dos produtores acerca de seu real talento. Aos 42 minutos de projeção, vai exibir o frêmito de quadris que faria sua fama e glória.
Em "Estrela de Fogo", Elvis já estava alçado à posição de astro pop -e, consequentemente, de protagonista de cinema.
Nesse bangue-bangue -ele começa a cantar, em off, antes de os letreiros aparecerem-, Elvis é o mestiço filho de um branco e uma índia, em plena guerra étnica. A relação freudiana com a mãe discriminada é tanta que nem namorada ele tem na trama.
Claro que o menino revoltado tem um violão, que empunha a todo instante para diluir as mágoas -as canções caipiras são tão ruins quanto o filme, imerso em frases-clichês e maniqueísmos.
A falta de namorada é compensada em "Coração Rebelde". Aqui ele tem duas e ainda flerta com a psiquiatra enviada para tentar minimizar a revolta do adolescente (ainda?) difícil que ele é.
Adivinha por que é revoltado? Sua querida mãe morreu quando ele tinha nove anos, e a vida se tornou um inferno. Jovem que sonha com a fama, ele é um escritor nato; mesmo assim, não pára de cantar.
As três namoradas já indicavam: estava por vir a fase Havaí, a partir da qual os filmes se prestam ao menos à morna "Sessão da Tarde".
Até aí, a pretensão dramática só fazia expor o ídolo ao ridículo -os modelos/manequins que infestam as novelas da Globo não fazem feio diante de suas atuações.
Nada tinham de gratuitos tais filmes, entretanto. Ajudaram a fixar a imagem do pai do rock como a de um segundo James Dean, um outro rebelde, mas agora com causa.
Afinal -e o terceiro filme é exemplo perfeito-, seus garotos malvados eram essencialmente bondosos e piedosos. Como todos os rapazes da América. Assim se constrói uma nação.

Filme: Ama-Me com Ternura Produção: EUA, 1956, 89 min Direção: Robert D. Webb

Filme:
Estrela de Fogo Produção: EUA, 1960, 92 min Direção: Don Siegel

Filme:
Coração Rebelde Produção: EUA, 1961, 114 min Direção: Philip Dunne Lançamentos: Abril Vídeo (011/3677-4500)


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