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VÍDEO LANÇAMENTOS
Elvis Presley encarna o bom moço americano em três filmes
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
da Reportagem Local
É, Elvis Presley também fazia filmes. Três amostras de sua carreira
hollywoodiana chegam ao mercado; todas servem como peças comprobatórias do elevado grau de canastrice alcançado pelo grande
cantor quando mudava de ramo.
São elas: "Ama-me com Ternura" (Love Me Tender, 1956), seu
longa de estréia, que lançou a hoje
mítica canção-título do filme,
"Estrela de Fogo" (Flaming Star,
1960) e "Coração Rebelde" (Wild
in the Country, 1961).
Se quando lhe falam em Elvis no
cinema você pensa em Havaí,
"hulla-hulla" e garotas, muitas
garotas, desista dos três filmes.
Bem longe disso, gravitam em
torno de dramas familiares dignos
de qualquer dramalhão mexicano
-todos enfocam (coincidência?)
a relação intensa dos personagens
de Elvis com suas mães.
Vejamos. Em "Ama-me com
Ternura" (único do pacote ainda
em preto-e-branco) Elvis, ainda
coadjuvante, é um garotão que casa com a namorada de seu irmão,
por julgá-lo morto na guerra.
Começa a cantar aos 23 minutos
de filme -olhando nos olhos de
sua mãe-, o que já aponta o faro
dos produtores acerca de seu real
talento. Aos 42 minutos de projeção, vai exibir o frêmito de quadris
que faria sua fama e glória.
Em "Estrela de Fogo", Elvis já
estava alçado à posição de astro
pop -e, consequentemente, de
protagonista de cinema.
Nesse bangue-bangue -ele começa a cantar, em off, antes de os
letreiros aparecerem-, Elvis é o
mestiço filho de um branco e uma
índia, em plena guerra étnica. A
relação freudiana com a mãe discriminada é tanta que nem namorada ele tem na trama.
Claro que o menino revoltado
tem um violão, que empunha a todo instante para diluir as mágoas
-as canções caipiras são tão ruins
quanto o filme, imerso em frases-clichês e maniqueísmos.
A falta de namorada é compensada em "Coração Rebelde".
Aqui ele tem duas e ainda flerta
com a psiquiatra enviada para tentar minimizar a revolta do adolescente (ainda?) difícil que ele é.
Adivinha por que é revoltado?
Sua querida mãe morreu quando
ele tinha nove anos, e a vida se tornou um inferno. Jovem que sonha
com a fama, ele é um escritor nato;
mesmo assim, não pára de cantar.
As três namoradas já indicavam:
estava por vir a fase Havaí, a partir
da qual os filmes se prestam ao menos à morna "Sessão da Tarde".
Até aí, a pretensão dramática só
fazia expor o ídolo ao ridículo -os
modelos/manequins que infestam
as novelas da Globo não fazem feio
diante de suas atuações.
Nada tinham de gratuitos tais filmes, entretanto. Ajudaram a fixar
a imagem do pai do rock como a de
um segundo James Dean, um outro rebelde, mas agora com causa.
Afinal -e o terceiro filme é
exemplo perfeito-, seus garotos
malvados eram essencialmente
bondosos e piedosos. Como todos
os rapazes da América. Assim se
constrói uma nação.
Filme: Ama-Me com Ternura
Produção: EUA, 1956, 89 min
Direção: Robert D. Webb
Filme: Estrela de Fogo
Produção: EUA, 1960, 92 min
Direção: Don Siegel
Filme: Coração Rebelde
Produção: EUA, 1961, 114 min
Direção: Philip Dunne
Lançamentos: Abril Vídeo
(011/3677-4500)
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