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Peça italiana coloca público na cama
Atração do 13º Porto Alegre em Cena, versão de "O Pequeno Polegar" é assistida em camas individuais
VALMIR SANTOS
ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE
Se algum espectador dormir,
não quer dizer que o espetáculo
seja ruim. Pelo menos não no
caso de "Buchettino", que a
companhia italiana Societas
Raffaello Sanzio estréia hoje no
13º Porto Alegre em Cena, o
festival internacional de artes
cênicas que vai até domingo.
Crianças ou adultos deitam-se em 50 camas individuais para ouvir e imaginar a história de
"O Pequeno Polegar", como se
fossem ninar. "É um espetáculo
em que não se vê, só se sente",
diz o integrante da companhia
Federico Lepri, 32, um dos técnicos responsáveis pelos efeitos sonoros.
Enquanto a atriz Monica Demuru, na pele de Mãe, narra
(em português) a lenda européia na versão do francês Charles Perrault (1628-1703), do lado externo do espaço cenográfico retangular chegam as sonoridades, em percussão ou
playback, que reforçam a atmosfera de suspense sobre as
aventuras do personagem-título, caçula de sete irmãos. Eles
atravessam perigos num bosque, com direito a aroma de eucalipto, e são ameaçados por lobos, morcegos e um ogro.
Uma das companhias conceituais mais respeitas da Europa,
a Societas Raffaello Sanzio nasceu em 1981, na cidade de Cesena (norte da Itália), iniciativa
de Chiara Guidi e dos irmãos
Claudia e Romeo Castellucci,
então jovens estudantes embevecidos pelo signo das artes visuais e sob contaminação absoluta de outras áreas, como a
música, a ópera, a ciência, a medicina, a teologia etc. A companhia passou por São Paulo nos
anos 90, inclusive com uma
versão de "Hamlet".
Grupo lituano
Em sua primeira semana, um
dos destaques internacionais
do festival, além da passagem
da companhia da coreógrafa
alemã Pina Bausch, foi o grupo
lituano Meno Fortas, dirigido
por Eimunthas Nekrosius.
A versão de "Othelo", de Shakespeare, apresentada até ontem no teatro São Pedro, dura cerca de quatro horas. Na concepção de Nekrosius, Othelo,
Iago e Desdêmona são personagens que têm pesos equilibrados em meio ao torvelinho
de inveja e ciúmes em que são
enredados. A metáfora da água
surge o tempo todo, referência
à ilha de Chipre onde se passa
parte da ação. A cenografia, os
adereços, os objetos e a música
transportam o público para
uma embarcação.
Nekrosius, que já havia mostrado em Porto Alegre cinco
anos atrás seu "Hamlet", em
"Othelo" revela que não sucumbe ao maneirismo visual
no seu modo de fazer teatro. Ao
contrário, é um apaixonado diretor de atores como Vladas
Bagdonas (Othelo), Rolandas
Kazlas (Iago) e Egle Spokaite
(Desdêmona).
Num momento em que o
Brasil recebe o projeto Estação
de Teatro Russo, circulação de
cinco espetáculos daquele país,
é pena que Nekrosius e Meno
Fortas, que vêm de uma das repúblicas do Mar Báltico que
pertenciam à ex-União Soviética, ainda sejam desconhecidos
em São Paulo e Rio.
O jornalista VALMIR SANTOS viajou a convite
da organização do festival
13º PORTO ALEGRE EM CENA
Quando: 5 a 17/9
Quanto: R$ 20. Mais informações pelo
tel. 0/xx/51/ 3235-2995 ou através do
site www.poaemcena.com.br
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