São Paulo, sexta, 11 de setembro de 1998

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Cariry abre Jornada de Cinema da Bahia

LÚCIA NAGIB
da Equipe de Articulistas

A Jornada Internacional de Cinema da Bahia chega à sua 25ª edição, que acontecerá entre hoje e o dia 17 deste mês, em Salvador.
A sobrevivência do festival, que resistiu ao período do regime militar e à escassez financeira sem alterar seu perfil combativo, é saudada como um ato heróico de seu fundador e diretor, Guido Araújo, que, nas palavras do cineasta argentino Fernando Birri, desenvolveu "incessante trabalho pioneiro no céu e no inferno do novo cinema latino-americano e do cinema novo brasileiro".
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Histórico
Iniciada em 1972, a jornada se dedicou a princípio ao curta-metragem baiano, ampliando-se, a seguir, para o âmbito nacional.
Mas desde 1985 tornou-se um festival competitivo internacional, com ênfase para produções latino-americanas, ibéricas e da África negra.
Concentrando-se sempre no curta-metragem, passou a incluir também documentários de longa-metragem, além de instituir uma competição para produções em vídeo.
Este ano, cerca de metade dos 35 concorrentes no formato de película de curta-metragem já se apresentou no Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo.
Mas há seis concorrentes brasileiros inéditos e outros seis estrangeiros (procedentes do Chile, da Argentina, da Espanha, de Portugal e da Costa Rica), todos disputando o Prêmio Glauber Rocha, principal distinção do evento, a ser concedido por um júri internacional.
A mostra de vídeo abriga outros 35 concorrentes do Brasil e do mundo, e dá espaço para produções feitas para a televisão.
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Programação
As mostras e eventos especiais constituem destaque da jornada, a começar pela exibição de todos os filmes, brasileiros e estrangeiros, que já receberam o Prêmio Glauber Rocha.
Um filme inédito de Rosemberg Cariry, autor de "Corisco e Dadá", será projetado na cerimônia de abertura, no Solar do Unhão.
Trata-se de "O Auto de Leidiana", uma história cordelesca estrelada por Via Negromonte, Nelson Xavier e José Mojica Marins (o Zé do Caixão).
Uma mesa-redonda e uma mostra de filmes latino-americanos irão comemorar os 40 anos de "Tire Die", documentário político dirigido pelo cineasta argentino Fernando Birri, em 1958, que foi o estopim do novo cinema latino-americano e esteve também na raiz do cinema novo brasileiro.
O artista plástico Franz Krajcberg e a ex-presidiária Maria do Socorro Nobre, ambos objeto de filmes de Walter Salles, estarão presentes acompanhando uma retrospectiva dos documentários do cineasta.
Mostras de filmes de Eisenstein e de Brech estarão lembrando o centenário dos dois autores. Paralelamente, o "Seminário Cinemais", evento organizado pela revista de cinema carioca, estará discutindo "Eisenstein, Brecht e Sua Influência no Cinema Latino-Americano".
Sob a coordenação do cineasta Geraldo Sarno, o seminário contará com a presença de Ismail Xavier, Ivana Bentes, João Carlos Teixeira Gomes, Luiz Fernando Lobo, Miguel Pereira, Paulo Dourado e João Luiz Vieira.
Outro cineasta homenageado será Nelson Pereira dos Santos, que virá à jornada para uma retrospectiva de seus filmes e uma mesa-redonda sobre o tema "Resgate da Memória de "Rio 40 graus' e "Vidas Secas'".
Lembrado será, por fim, Dji Bril Diop-Mambety, cineasta senegalês morto recentemente que está entre os convidados da jornada do ano passado.
Serão projetados dois filmes do diretor: "Hyènes", seu longa-metragem mais famoso, e "Le Franc", média-metragem premiado em vários festivais internacionais.



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