São Paulo, sexta, 11 de setembro de 1998

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WHAT'S COOKING
Coma bem para viver bem

RITA LOBO
Colunista da Folha

Não obstante o que pregam algumas dietas e seus gurus, gosto de acreditar que uma alimentação saudável não consiste apenas em ingerir alimentos com pouca gordura, baixas calorias, muitas fibras e nada de açúcar.
Isto é, a fórmula não deve ser ruim para a saúde, mas aqui entre nós: além de limitada, há uma pitada de neurose -salvo nos casos em que as recomendações médicas prevalecem.
"Os sábios ayunvédicos gostavam de dizer que até veneno poderia ser bom, se pudéssemos digeri-lo adequadamente, ao passo que, com uma digestão inadequada, uma pessoa pode morrer bebendo néctar -comenta o endocrinologista Deepak Chopra em seu livro "Digestão Perfeita".
Médico indiano radicado nos EUA, conhecido por ter entre seus pacientes gente como Donna Karan e Demi Moore e ter sido chefe da equipe do New England Memorial Hospital, o doutor afirma que a boa digestão é um dos pilares da saúde perfeita.
Podemos concluir que o alimento sozinho não é responsável pela qualidade da alimentação? Em seu livro, Chopra sugere uma série de procedimentos que fortalecem a digestão por meio do equilíbrio do corpo e da mente. Talvez essa seja a chave para que o corpo consiga transformar o alimento em energia suficiente para vivermos plenamente, sem doenças.
Entre as sugestões estão: coma em atmosfera calma e tranquila, sente-se alguns minutos após as refeições, não coma quando estiver aborrecido, evite comer demais, não fale enquanto mastiga, coma em um ritmo moderado, não coma enquanto a refeição anterior não tiver sido digerida e prefira os alimentos cozidos na hora.
Imediatamente lembrei de meu avô Lobo. Ele costumava dizer que um dos segredos para se manter saudável é terminar as refeições ainda com um pouco de fome. O simples fato de ter sido médico dá à teoria alguma credibilidade. Ter vivido -e muito bem- até os 94 anos, comendo de tudo um pouco, transforma-a em verdade.
Quase todas as noites tomava uma sopa, na maioria das vezes com torradas finas de pão francês, hábito que felizmente herdei. Comia pouco doce, hábito que infelizmente não herdei. Alimentava-se nos mesmos horários e não gostava de atrasos. Durante as refeições não era de muita conversa, e mesmo com dez filhos e 20 e tantos netos, conseguia manter na sala de jantar um clima de serenidade.
Além de comprovadas pelo meu avô, que certamente não se baseava na milenar ciência indiana ayurveda, estas práticas sugeridas pelo dr. Chopra servem como uma luva para qualquer gourmet: antes de qualquer refeição feche os olhos, respire profundamente e tranquilize a mente para que todas as suas atenções estejam voltadas à comida. Preste atenção aos aromas, texturas, cores, sabores. Quanto a comer demais, além de não fazer bem, engorda. E falar enquanto mastiga todo mundo sabe que é falta de educação!



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