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WHAT'S COOKING
Coma bem para viver bem
RITA LOBO
Colunista da Folha
Não obstante o que pregam algumas dietas e seus gurus, gosto de
acreditar que uma alimentação
saudável não consiste apenas em
ingerir alimentos com pouca gordura, baixas calorias, muitas fibras
e nada de açúcar.
Isto é, a fórmula não deve ser
ruim para a saúde, mas aqui entre
nós: além de limitada, há uma pitada de neurose -salvo nos casos
em que as recomendações médicas
prevalecem.
"Os sábios ayunvédicos gostavam de dizer que até veneno poderia ser bom, se pudéssemos digeri-lo adequadamente, ao passo que,
com uma digestão inadequada,
uma pessoa pode morrer bebendo
néctar -comenta o endocrinologista Deepak Chopra em seu livro
"Digestão Perfeita".
Médico indiano radicado nos
EUA, conhecido por ter entre seus
pacientes gente como Donna Karan e Demi Moore e ter sido chefe
da equipe do New England Memorial Hospital, o doutor afirma que a
boa digestão é um dos pilares da
saúde perfeita.
Podemos concluir que o alimento sozinho não é responsável pela
qualidade da alimentação? Em seu
livro, Chopra sugere uma série de
procedimentos que fortalecem a
digestão por meio do equilíbrio do
corpo e da mente. Talvez essa seja a
chave para que o corpo consiga
transformar o alimento em energia suficiente para vivermos plenamente, sem doenças.
Entre as sugestões estão: coma
em atmosfera calma e tranquila,
sente-se alguns minutos após as
refeições, não coma quando estiver aborrecido, evite comer demais, não fale enquanto mastiga,
coma em um ritmo moderado, não
coma enquanto a refeição anterior
não tiver sido digerida e prefira os
alimentos cozidos na hora.
Imediatamente lembrei de meu
avô Lobo. Ele costumava dizer que
um dos segredos para se manter
saudável é terminar as refeições
ainda com um pouco de fome. O
simples fato de ter sido médico dá
à teoria alguma credibilidade. Ter
vivido -e muito bem- até os 94
anos, comendo de tudo um pouco,
transforma-a em verdade.
Quase todas as noites tomava
uma sopa, na maioria das vezes
com torradas finas de pão francês,
hábito que felizmente herdei. Comia pouco doce, hábito que infelizmente não herdei. Alimentava-se nos mesmos horários e não gostava de atrasos. Durante as refeições não era de muita conversa, e
mesmo com dez filhos e 20 e tantos
netos, conseguia manter na sala de
jantar um clima de serenidade.
Além de comprovadas pelo meu
avô, que certamente não se baseava na milenar ciência indiana
ayurveda, estas práticas sugeridas
pelo dr. Chopra servem como uma
luva para qualquer gourmet: antes
de qualquer refeição feche os
olhos, respire profundamente e
tranquilize a mente para que todas
as suas atenções estejam voltadas à
comida. Preste atenção aos aromas, texturas, cores, sabores.
Quanto a comer demais, além de
não fazer bem, engorda. E falar enquanto mastiga todo mundo sabe
que é falta de educação!
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