São Paulo, sexta, 11 de setembro de 1998

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PERSONALIDADE
Eventos homenageiam poeta francês precursor do modernismo
França lembra os cem anos da morte de Mallarmé

RODRIGO AMARAL
de Paris

Há cem anos morria o poeta Stéphane Mallarmé, considerado um dos pais do modernismo e cuja obra colheu tanto admiradores quanto críticos de sua incompreensibilidade.
Mallarmé morreu em 9 de setembro de 1898 em sua casa de verão em Valvins, cidadezinha próxima a Paris. Deixou uma obra em grande medida inacabada, mas que nem por isso deixou de influenciar grandes nomes da literatura mundial como Paul Valéry, William Faulkner e Ezra Pound.
Sua poesia, porém, era considerada difícil até por gente como Marcel Proust -que em 1896 publicou o manifesto "Contra a Obscuridade", dirigido a Mallarmé e seus seguidores.
O poeta não levava essa crítica muito em conta: "Prefiro, diante da agressão, responder que há contemporâneos que não sabem ler".
Mallarmé tem lugar assegurado no panteão dos grandes poetas franceses e, por esse motivo, uma série de eventos está sendo realizada no país para homenageá-lo.
O principal é uma exposição, no Museu dÓrsay, em Paris, de 350 objetos que retratam a trajetória do artista, incluindo manuscritos, livros e quadros de seus amigos impressionistas, como Édouard Manet. A exposição "Le Musée dÓrsay à l'Heure de Mallarmé" será inaugurada no próximo dia 29 e vai até janeiro.
Outro acontecimento é a publicação de uma nova edição de suas "Obras Completas" pela coleção Pléiade, espécie de cânone da literatura francesa. O primeiro dos dois volumes, com 1.600 páginas, chegará às livrarias no dia 24 e, segundo os editores, traz grandes diferenças em relação à primeira edição, de 50 anos atrás.
Mallarmé é ainda o objeto de edições especiais de revistas especializadas como "Po&sie" e "Magazine Littéraire".
Também é aguardada uma nova biografia de Mallarmé, escrita por Jean-Luc Steinmetz, professor da Universidade de Nantes. O livro conta, em 616 páginas, a trajetória pessoal e intelectual de um poeta cuja vida, comparada às de contemporâneos como Rimbaud e Baudelaire, pode ser considerada pacata.
Mallarmé alternou vida intelectual em Paris e períodos como professor de inglês em cidades como Tournon e Avignon . Viajou pouco pela França e, no exterior, só conheceu Bélgica e Reino Unido.
Haverá eventos também na pequena cidade de Sens, na Borgonha (centro da França), onde Mallarmé passou sua infância e parte de sua vida adulta. Até o dia 28, são duas exposições.
"Mallarmé et les Siens" (Mallarmé e os Seus) apresenta documentos que reconstituem passagens de sua biografia.
Já "Les Echos de Mallarmé" (Os Ecos de Mallarmé) analisa a influência de suas últimas poesias (em que trabalhou com os tamanhos dos tipos e a disposição dos versos nas páginas) sobre poetas de vanguarda do século 20, como concretistas e futuristas.
Sens também realiza leituras de poemas, apresentações de peças de teatro e colóquios para lembrar seu mais ilustre cidadão (que, porém, nasceu em Paris em 1842).



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