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PERSONALIDADE
Eventos homenageiam poeta francês precursor do modernismo
França lembra os cem anos da morte de Mallarmé
RODRIGO AMARAL
de Paris
Há cem anos morria o poeta Stéphane Mallarmé, considerado um
dos pais do modernismo e cuja
obra colheu tanto admiradores
quanto críticos de sua incompreensibilidade.
Mallarmé morreu em 9 de setembro de 1898 em sua casa de verão
em Valvins, cidadezinha próxima
a Paris. Deixou uma obra em grande medida inacabada, mas que
nem por isso deixou de influenciar
grandes nomes da literatura mundial como Paul Valéry, William
Faulkner e Ezra Pound.
Sua poesia, porém, era considerada difícil até por gente como
Marcel Proust -que em 1896 publicou o manifesto "Contra a Obscuridade", dirigido a Mallarmé e
seus seguidores.
O poeta não levava essa crítica
muito em conta: "Prefiro, diante
da agressão, responder que há contemporâneos que não sabem ler".
Mallarmé tem lugar assegurado
no panteão dos grandes poetas
franceses e, por esse motivo, uma
série de eventos está sendo realizada no país para homenageá-lo.
O principal é uma exposição, no
Museu dÓrsay, em Paris, de 350
objetos que retratam a trajetória
do artista, incluindo manuscritos,
livros e quadros de seus amigos
impressionistas, como Édouard
Manet. A exposição "Le Musée
dÓrsay à l'Heure de Mallarmé" será inaugurada no próximo dia 29 e
vai até janeiro.
Outro acontecimento é a publicação de uma nova edição de suas
"Obras Completas" pela coleção
Pléiade, espécie de cânone da literatura francesa. O primeiro dos
dois volumes, com 1.600 páginas,
chegará às livrarias no dia 24 e, segundo os editores, traz grandes diferenças em relação à primeira edição, de 50 anos atrás.
Mallarmé é ainda o objeto de edições especiais de revistas especializadas como "Po&sie" e "Magazine
Littéraire".
Também é aguardada uma nova
biografia de Mallarmé, escrita por
Jean-Luc Steinmetz, professor da
Universidade de Nantes. O livro
conta, em 616 páginas, a trajetória
pessoal e intelectual de um poeta
cuja vida, comparada às de contemporâneos como Rimbaud e
Baudelaire, pode ser considerada
pacata.
Mallarmé alternou vida intelectual em Paris e períodos como professor de inglês em cidades como
Tournon e Avignon . Viajou pouco
pela França e, no exterior, só conheceu Bélgica e Reino Unido.
Haverá eventos também na pequena cidade de Sens, na Borgonha (centro da França), onde Mallarmé passou sua infância e parte
de sua vida adulta. Até o dia 28, são
duas exposições.
"Mallarmé et les Siens" (Mallarmé e os Seus) apresenta documentos que reconstituem passagens de
sua biografia.
Já "Les Echos de Mallarmé" (Os
Ecos de Mallarmé) analisa a influência de suas últimas poesias
(em que trabalhou com os tamanhos dos tipos e a disposição dos
versos nas páginas) sobre poetas
de vanguarda do século 20, como
concretistas e futuristas.
Sens também realiza leituras de
poemas, apresentações de peças de
teatro e colóquios para lembrar
seu mais ilustre cidadão (que, porém, nasceu em Paris em 1842).
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