|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MÚSICA
"OK" é dedicado à avó do músico e derrotou CDs de Chemical Brothers, Blur e Manic Street Preachers
Talvin Singh vence o Mercury Music
SYLVIA COLOMBO
de Londres
"Este disco é dedicado à minha
avó, cujos joelhos foram as minhas primeiras tablas", agradece
de forma singela o anglo-indiano
Talvin Singh no livreto que acompanha o CD "OK" (Island).
O músico, até agora um desconhecido no cenário pop, recebeu
na última quarta-feira o tradicional prêmio inglês Mercury Music,
de melhor CD do ano, derrotando
estrelas como Chemical Brothers,
Blur e Manic Street Preachers.
"OK", o trabalho premiado de
Singh, é uma mistura de música
eletrônica com flautas, percussão,
cordas e vocais indianos. Gravado
em Londres, Madras e Nova
York, o disco conta com a participação de uma orquestra tradicional da Índia e um grupo feminino
de voz e sopros do Japão.
Talvin Singh tem 28 anos e toca
tablas (instrumento de percussão
indiano, composto de dois tambores) desde os 15. Nascido no
leste de Londres, onde vive a
maior parte dos imigrantes asiáticos, Singh é filho de indianos.
Interessado pela cultura ancestral, viajou à Índia na adolescência para aprender a tocar instrumentos típicos com um conhecido mestre local, Pandit Lashaman.
"Quando voltei para a Inglaterra comecei a tocar música clássica
indiana, mas aquilo não era eu.
Como eu sou o resultado de uma
fusão de culturas, a minha música
também deveria ser uma fusão de
elementos culturais", diz Singh.
Pensando assim, o anglo-indiano começou a fazer as primeiras
experimentações de mistura de
tablas com o drum'n'bass. No começo dos anos 90, Singh virou DJ,
no clube Anokha, em Londres.
Seu trabalho repercutiu e ele
passou a tocar com alguns nomes
importantes do trip hop, como o
Massive Attack, e do tecno, como
o Future Sound of London. Em
1996, Singh lançou a coletânea
"Anokha: Soundz Of The Asian
Underground", com outros artistas anglo-indianos.
"OK" é seu primeiro trabalho
solo. Diferentemente de outros
artistas que trabalham a fusão de
estilos variados com música eletrônica, submetendo o folclórico
aos computadores, o som de
Singh faz o contrário. Não há uma
submissão dos instrumentos e sonoridades indianas à tecnologia.
É a melodia clássica indiana que
carrega a linha musical das faixas
e são as tablas que encaminham o
ritmo.
O disco não é hegemônico. Há
faixas dançantes, momentos introspectivos, experimentações
progressivas. Nada comercial para ser explorado em FMs, mas,
pelo visto, muito o que se agradecer à avó de Singh, por ter emprestado os joelhos para suas primeiras brincadeiras musicais.
Texto Anterior: Televisão: Telecine 5 exibe festival com filmes do diretor Robert Wise Próximo Texto: Livros - Lançamento: "Vissi D'Arte" traz as duas faces de Marília Pêra Índice
|