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RELÂMPAGOS
Depois do almoço
JOÃO GILBERTO NOLL
Logo que cheguei ao velório do meu amigo, alguém
me chamou. Pediu para que
eu presenciasse a exumação
do corpo do irmão do falecido. João seria enterrado na
mesma sepultura. Não gostei nada da escalação, mas lá
fui eu, mais um parente dele
e dois coveiros. No caminho,
em meio à quietude tumular
de depois do almoço, me
senti com a força de um animal útil. Veio então a cova
aberta, o caixão com crostas
de terra lá embaixo. E a volta
de uma sensação da infância
na face. De repente, um fio
de sangue escorria do meu
nariz. Manso e quente.
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