São Paulo, Segunda-feira, 11 de Outubro de 1999
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RELÂMPAGOS

Depois do almoço

JOÃO GILBERTO NOLL

Logo que cheguei ao velório do meu amigo, alguém me chamou. Pediu para que eu presenciasse a exumação do corpo do irmão do falecido. João seria enterrado na mesma sepultura. Não gostei nada da escalação, mas lá fui eu, mais um parente dele e dois coveiros. No caminho, em meio à quietude tumular de depois do almoço, me senti com a força de um animal útil. Veio então a cova aberta, o caixão com crostas de terra lá embaixo. E a volta de uma sensação da infância na face. De repente, um fio de sangue escorria do meu nariz. Manso e quente.


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