|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TELEVISÃO
'Você Decide' vira genuína 'sitcom'
TELMO MARTINO
Colunista da Folha
Todo mundo adora ver a lourice da Sasha. O "Planeta Xuxa"
atrai, toda semana, uma multidão
muito feliz. Mesmo assim existia
uma sensação de coisa incompleta na sedução constante dessas
louras. Foi a própria TV Globo
que, tomada da mesma impressão, resolveu consertar tudo. Colocou o belo e simpático Luciano
Szafir no comando do "Você decide". Estava completa a família
mais apetitosa que a televisão já
inventou.
E, como todo mundo já notou, a
TV Globo não dorme no ponto.
Reconheceu que tinha no Luciano Szafir um apresentador muito
especial com todo o envolvimento daqueles sorrisos. Caprichou
na história. Tinha o "fica-não-fica" habitual, que gera os telefonemas, mas o resto era diferente.
Com um grupo afiado de roteiristas (Denise Bandeira, Flávio
Galvão, Antonio Carlos Fontoura) -e com a direção do hollywoodiano Roberto Farias-
aconteceu o milagre. Surgiu a primeira e tão ambicionada sitcom
brasileira. Como se deve saber,
sitcom é aquilo que faz as delícias
dos espectadores da televisão paga e que, até agora, a televisão grátis não tinha conseguido engendrar.
A primeira cena em que Maria
Zilda Bethlem resolve empilhar
na cara do José de Abreu os motivos que fazem dele um péssimo
marido é o melhor ponto de partida para todas as loucuras que envolvem uma família tão numerosa, que tem até papel para a hilariante Estelita Bell.
A mulher infeliz faz a mala e vai
embora. O péssimo marido conhece a Camila Pitanga num elevador enguiçado e leva a moça
para casa. Ela seduz toda a família
com mil festas. Tanto assim que,
de volta, Maria Zilda tem de se integrar ao ambiente. Toda essa
loucura torna indispensável a festa que o Luciano Szafir faz nos intervalos em que participa. É tanta
simpatia que ele seria, certamente, muito bem recebido no louco
apartamento. Não fosse ele belo
demais para uma mistura.
Televisão rica e hábil é bem diferente. Luciano Szafir é chamado
para apresentar um programa já
um tanto cansado e o programa
se revigora com um surpreendente sucesso. Já televisão "mais ou
menos" se atrapalha toda com
um imprevisto. A saída do simpático e pequenino Luciano Huck
abriu uma cratera perigosíssima
para quem quer passear pela programação da Bandeirantes.
O buraco é tão grande e tão fundo que, caindo nele, não dá mais
para sair. A Tiazinha está lá. Sem
chicotinho. Quer artefatos de alta
tecnologia de uma atriz desajeitada de história em quadrinhos.
Mantém a máscara para não desaparecer incógnita na multidão.
A Feiticeira também não foi embora. Esta lá com seu biquíni de
pérolas e véus pretos. Como consegue pouca coisa com seus atributos! E a garotada em volta o que
faz? Canta e dança horas a fio sem
ter coisa melhor para agitar. Esse
tal de Huck é mesmo um gigante.
Com seu magnetismo totalmente
individual não permitia espaços
vazios. Uma vez ausente, que cratera. É o poderoso Huck.
Texto Anterior: Cinema: Permanentes para a mostra estão à venda Próximo Texto: Literatura: Morre em Sydney o escritor Morris West Índice
|