São Paulo, Segunda-feira, 11 de Outubro de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PERSONALIDADE
Aos 80 anos, presidente da emissora estava com câncer generalizado; cremação será hoje, às 15h
Morre João Saad, criador da Bandeirantes

CRISTIAN AVELLO CANCINO
free-lance para a Folha

O presidente fundador da Rede Bandeirantes de rádio e televisão, João Jorge Saad, morreu aos 80 anos, às 15h05 de ontem, em sua residência no bairro de Higienópolis, São Paulo.
O corpo de Saad começou a ser velado ontem às 19h, na Assembléia Legislativa, e será cremado hoje, às 15h, no crematório da Vila Alpina.
"João Saad foi uma pessoa que fez um trabalho importante em São Paulo, sobretudo com relação a mim, numa relação pessoal e muito forte, muito grande. Quero expressar a todos os brasileiros e, especialmente, à família, os meus sentimentos", afirmou o presidente Fernando Henrique Cardoso, em pronunciamento à imprensa.
Nas palavras de João Carlos Saad, filho do empresário e vice-presidente da Rede Bandeirantes, o pai foi "um homem humilde, empreendedor, um brasileiro preocupado com seu país, que vai deixar saudades em todos nós e que morreu em casa, o que é uma coisa boa, porque é como se falecia antigamente. Em casa, sereno, com a família toda por perto".
Saad estava com câncer generalizado há alguns meses. Desde o dia 26 de setembro, permanecia em sua casa, que fora equipada com aparelhos de UTI - Unidade de Terapia Intensiva.
Antes disso, esteve internado por três semanas na UTI do hospital Sírio Libanês.
Saad piorou na última sexta-feira. A equipe que o tratava aconselhou-o a voltar ao hospital, mas ele preferiu permanecer em casa.
Na festa de seu aniversário, em 22 de julho, sua última aparição pública, já estava muito doente. "Amolamos meu pai para fazermos uma festa de emergente, porque ele não gostava muito de comemorações", afirmou João Carlos Saad.
De acordo com o diretor de jornalismo da Rede Bandeirantes de Televisão, Fernando Mitre, Saad sempre "procurou deixar seus empregados à vontade, mantendo um espaço permanente para todas as correntes de opinião".
Ricardo Kotscho, diretor de jornalismo do Canal 21, também diz que nunca se sentiu cerceado pelos donos da empresa em que trabalha: "Ele sempre deu muita liberdade a seus jornalistas porque, acima de tudo, o sr. Saad era repórter".
Seu último pedido à redação foi feito terça-feira passada. Diante de tantas notícias sobre o fim do mundo, João Jorge Saad lembrou-se de uma música de Assis Valente intitulada "...E o Mundo Não se Acabou".
Com essa música, a rádio Bandeirantes AM encerrou ontem sua edição dos programas "Manhã Bandeirantes" e "Ciranda da Cidade".


Texto Anterior: DVD: Fascínio pela barbárie
Próximo Texto: Dono do "palácio encantado" começou como mascate
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.