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SHOW CRÍTICA
Red Hot Chili Peppers faz, em SP, molecada dançar até cair
THALES DE MENEZES
da Reportagem Local
O Red Hot Chili Peppers fez
7.000 pessoas pularem até dizer
chega na última sexta, no único
show brasileiro da turnê do álbum "Californication". O público, na maioria formado por garotos deixados pelos pais no Credicard Hall, ficou rendido à fúria do
quarteto, que tocou com gana e
não deixou o pique cair em momento algum. Rock and roll com
muito funk, sem parar.
O grupo só confirmou, mais
uma vez, que o palco é sua verdadeira razão de ser. Quando você
escuta um disco dos Peppers, as
grandes canções estão ali, é verdade, mas falta um pitada a mais de
energia. No palco, uau!
O Red Hot Chili Peppers é um
estupendo baterista que toca como se quisesse vencer seu instrumento por nocaute, um guitarrista viajandão tocando como se estivesse em Woodstock (o original,
em 69), um vocalista cheio de pose com um vozeirão e um baixista
de cabelo roxo que guia a todos,
músicos e platéia, no caminho do
melhor punk funk do planeta.
Flea adora Jimi Hendrix e Miles
Davis. E divide com eles uma característica inegável: tocar como
se o instrumento fosse parte dele.
Desde o primeiro acorde do
show, ele agarra o baixo como um
domador mostrando à fera quem
manda. Flea balança a cabeça loucamente feito uma versão surfista
de Angus Young, do AC/ DC.
Anthony Kiedis tem seu repertório de trejeitos. Nas músicas
mais balançadas, pula tanto
quanto Flea e lança gestos desafiadores. Quando a banda ataca canções mais lentas, ele pega o microfone com as duas mãos e cerra os
olhos, soltando a voz numa posição de pastor em transe diante de
seus fiéis roqueiros.
Bem distante do pique de Flea e
Kiedis, John Frusciante é o típico
"guitar hero" dos anos 70. Cabelão, roupa escura e ar blasé, é rápido e inventivo nos solos. O baterista Chad Smith vai com fluência
da batida mais marcial ao sacolejo
funk. Tecnicamente, a atual formação dos Peppers é irretocável.
E o repertório? Sai de baixo. Os
caras têm tantas músicas poderosas para manter o público aceso
que podem se dar ao luxo de
"queimar" já na segunda música
do show o hit racha-assoalho "Give It Away". Mas muitos outros
viriam depois.
O ponto alto, claro, foi a baladona "Under the Bridge". Isqueirinhos acesos, todo o público cantando junto e uma performance
demolidora da banda.
Afiado na música, o grupo também esbanjou carisma no contato
com a platéia. Kiedis reclamou do
calor, mas disse que o público deveria estar sofrendo mais do que
os músicos. Flea dedicou música a
Edmundo, disse que a banda adora o Brasil e não sabia como eles
tinham conseguido ficar tanto
tempo sem voltar -a banda tocou no Hollywood Rock, em 1993.
O show foi curto, menos de uma
hora e meia, mas deixou a platéia
satisfeita. Antes, o grupo porto-riquenho Puya tocou oito canções
que misturam hardcore com ritmos latinos. Banda simpática, de
pique, que lembra um Sepultura
versão Mercosul.
Avaliação:
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