São Paulo, quinta-feira, 11 de outubro de 2001

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FESTA

Rave urbana na Lapa recebe alemão Chris Liebing, que toca também em Belo Horizonte e no Rio

Circuito bota lenha em São Paulo

BRUNA MONTEIRO DE BARROS
DA REDAÇÃO

E hoje tem lenha na fogueira. Para quem curte um "bate-estaca" básico, o feriado começa na "rave urbana" Circuito, que os jornalistas André Barcinski e Paulo César Martin -que comandam o programa "Garagem", da rádio Brasil 2000- promovem hoje em São Paulo.
A atração principal da noite é o DJ alemão Chris Liebing, que pode ser identificado por aqui pelo remix da música "One Night in New York City", do The Horrorist, que vem sendo bem tocada nas pistas das raves, especialmente nos sets do DJ Alex S..
Liebing afirma que toca tecno caminhando entre minimal e um hard tecno "saltitante". E o alemão também deve mostrar alguma de suas produções. "Comecei a produzir há cinco anos, e as primeiras coisas eram mais house, que eu lançava pelo selo Soap Records. Depois fiz um "orient tecno" pelo selo Harthouse", descreve Liebing. Quando decidiu produzir coisas mais pesadas, ele criou o selo Audio. Hoje o DJ mantém os selos CLR e Stigmata.
Liebing percebeu sua vocação para DJ já na primeira vez que saiu para dançar, com 15, 16 anos. "Fiquei a noite toda perto do DJ e ficava reclamando da música. Não para os outros, mas para mim mesmo. Estava sempre pensando "tocaria isso e aquilo antes daquilo'", conta.
Hoje é um DJ que gosta de ficar perto da pista: "Preciso receber o "feedback" das pessoas para que eu possa devolver isso a elas". E prefere sets longos: "Tocar em clubes é melhor do que em raves no sentido de que posso fazer sets de até oito horas".
Vindo da terra da Love Parade, Liebing acredita que a Alemanha tem a melhor cena de música eletrônica do mundo. "Temos muitos clubes pequenos, inclusive nas cidades menores, e isso ajuda a "subcultura" a se desenvolver melhor. E, claro, nós tivemos Kraftwerk nos anos 60."
E, quanto à histórica rixa entre underground e mainstream, Liebing contemporiza: "O dinheiro que financia o underground vem do "overground" e, por outro lado, o "overground" aproveita muitas boas e novas idéias do underground. Eu acho que é uma boa coexistência".
Liebing diz que não conhece o som eletrônico do Brasil, mas acredita que pode ter discos brasileiros em seu case e nem saiba. Quanto às chances de não embarcar para o Brasil devido aos ataques terroristas nos EUA, o alemão afirma que não vai mudar de planos: "Quais são as chances de acontecer algo parecido com alguém? Então, se acontecer comigo, é uma tremenda falta de sorte. Não vou parar minha turnê".
Sorte dos lenheiros nacionais, que poderão ver Liebing em São Paulo, Belo Horizonte e Rio.
E, em São Paulo, a festa Circuito de hoje promete, já que o alemão divide os pick-ups com nossos "reis do bate-estaca" Camilo Rocha, Renato Cohen, Anderson Noise, Alex S. e Murphy.
E, no jardim externo da antiga estação ferroviária da Lapa, uma pista extra foi montada para receber DJs fazendo sets que não são seus sons tradicionais. Entre breakbeat, eletro, tecno de Detroit e outras cositas mais, comandam as bolachas Ana & David, Mystical, Alex Muller, Mental Giu, Black Power e Camilo Rocha.


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