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MÚSICA/LANÇAMENTO
HISTÓRIA
Selo revelou Elvis Presley, Carl Perkins, Roy Orbinson e Jerry Lee Lewis
50 anos da Sun Records vêm em edição caprichada
DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
E no princípio era a Sun. Há 50
anos, um jovem e desconhecido saxofonista de nome Johnny
London gravaria "Drivin" Slow",
inaugurando aquele que seria o
principal selo de rhythm'n'blues
da história da música pop americana, o Sun Records.
Dois anos e alguns singles de
blues, bluegrass e boogie depois,
um também então desconhecido
Elvis Presley bateria às portas da
pequena gravadora em Memphis,
Tenessee. Ele queria gravar um
country, "That's Alright", para
dar de presente à sua mãe.
Essas e outras peças que formaram o embrião do rock'n'roll estão em "Sun Records: The 50th
Anniversary Collection", caprichadíssima edição comemorativa
-e dupla- dedicada ao selo de
Sam Phillips e lançada agora pela
BMG no Brasil.
Além das faixas já citadas, o primeiro disco da compilação reserva espaço a Junior Parker e seus
Blue Flames (na verdade uma das
principais fontes das músicas que
Phillips repassaria a Elvis); à profética "I'm Gonna Murder my
Baby", do guitarrista Pat Hare
(que, de fato, assassinou a sua namorada e passou o resto da vida
na cadeia); à soul music de Rufus
Thomas, entre outros.
Mas está aqui também -no
primeiro disco- a verdadeira
"santíssima trindade" dos primeiros anos da Sun: Elvis Presley,
Johnny Cash e Carl Perkins.
Acompanhado pelo guitarrista
Scotty Moore e pelo baixista Bill
Black, Elvis faz miséria, em agosto
de 1955, ao redesenhar os contornos de "Misery Train", gravada
dois anos antes por Junior Parker.
Apesar disso, não fez o barulho
esperado. Elvis não ficou parado
esperando: "vendeu-se" para a
RCA num contrato de US$ 35 mil.
Perkins preencheria a lacuna,
surgindo quatro meses depois
com a enérgica "Blue Suede
Shoes", que, mais do que as de Elvis, conquistou pela primeira vez
a atenção nacional.
"Folsom Prison Blues" e "I
Walk the Line", de Johnny Cash
& The Tenessee Two, faziam o
contraponto country -dizia Phillips, uma de suas principais paixões ao lado da música gospel.
Como Elvis, Cash e o próprio
Perkins não durariam muito na
Sun, que, passada a limpo, pode
ser vista mais como uma descobridora de talentos do que propriamente uma indústria de hits
-o que acabou ficando a cargo
de majors da época, como a RCA
e a Columbia. No final dos 60, o
selo fecharia as suas portas.
E essa nem é a metade da história. Roy Orbinson, Jerry Lee Lewis
e Hayden Thompson, entre muitos outros, também tiveram seus
trabalhos etiquetados com o galinho que caracterizava a gravadora de Sam Philips e estão na segunda parte (disco) da jornada
pelo baú do r'n'b.
O aquecimento vocal "Ooby
Dooby", de Roy Orbison & Teen
Kings (1956), abre o repertório,
dando a dica definitiva da nova
aposta do selo: o rockabilly. A faixa faz par com "Shoobie Oobie",
do blueseiro Rosco Gordon, e
com a emblemática "Flying Saucers Rock'n'Roll", de Billy Riley &
His Little Green Men.
Mas são de Lee Lewis, provavelmente, as maiores pérolas deste
volume dois de "Sun Records:
The 50th...". Estão aqui uma versão de 57 do piano "percussivo"
de Lewis, em "Whole Lotta Shakin" Going On". "High School
Confidential", gravação quase autobiográfica do pianista -que, na
época, casava-se com uma garota
de 13 anos- traz também a sua
marca incendiária.
Cinquenta anos de boa música.
Sun Records: The 50th
Anniversary Collection
Artista: vários
Lançamento: BMG
Preço: R$ 45, em média
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