São Paulo, terça-feira, 11 de outubro de 2011

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Para brasilianista, festival ajuda a quebrar estereótipos sobre país

Europalia contribuirá para mudar visão de que Brasil é país só de samba e futebol, diz Eddy Stols

Para estudioso belga, o Brasil teve avanços sociais nas últimas décadas e 'está longe de ser um país coitadinho'

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE BRUXELAS

O festival Europalia ajuda a quebrar a visão estereotipada que a Europa tem do Brasil, na opinião do brasilianista belga Eddy Stols, 62.
"Quem visita a exposição 'Brazil.Brasil' percebe que a pintura do século 19 é tão adulta e avançada quanto a produção de qualquer país europeu na época", diz.
Professor aposentado de história social e economia da América Latina na Universidade de Louven, Eddy Stols é uma das autoridades belgas quando o tema é Brasil. Por isso, foi o consultor da Europalia Brasil desde a sua concepção, no final de 2008.
"Estou seguro de que o festival contribuirá para quebrar o entendimento de que o Brasil é o país apenas do samba e do futebol", afirma.
Apesar disso, houve desacordo entre os governos do Brasil e da Bélgica em relação a vários nomes da cultura e das artes brasileiras que fariam parte do evento.
Nomes indicados pelo Brasil como Machado de Assis, na literatura, e Luiz Melodia, na música, foram excluídos por temor de que não atraíssem público suficiente.
Segundo Stols, ainda existe uma arrogância de europeus que pensam que o Brasil não pode viver sem eles.
"Muitos ignoram que o Brasil tem uma capacidade científica enorme, é um país que está mais bem situado com seus vizinhos do que o são a Índia e a China e tem uma diplomacia capaz. Eu me considero um isolacionista latino-americano", afirma.

AVANÇOS SOCIAIS
Quando o tema é desigualdade social, Eddy Stols rebate: "Os próprios brasileiros são muito autocríticos e se colocam como subdesenvolvidos. O Brasil está longe de ser um país coitadinho", diz.
"Quando estive no Brasil em 1963, não era tão desigual. Havia pobreza, mas na Europa também havia. Além disso, nas últimas décadas houve avanços em busca de mais justiça social no país."
A paixão e o entusiasmo que Eddy Stols transmite sobre o Brasil contagiam até mesmo alunos seus na Bélgica. Um deles, Lode Delputte, se especializou em Brasil e lança na próxima semana um livro sobre a emergência de um Brasil potência.
"Já visitei o Brasil mais de dez vezes. Certamente conheço mais Estados do país que muitos brasileiros. E, ainda assim, o Brasil é uma vastidão a ser descoberta, conhecida", afirma.
Stols concorda. "O Brasil é uma esponja. Quem se aproxima dele quer ficar e conhecer mais." (DANIELA ROCHA)


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