São Paulo, sábado, 11 de outubro de 1997.




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FREE JAZZ FESTIVAL
Jamiroquai estrela a terceira noite do evento

CASSIANO ELEK MACHADO
da Redação

Com uma quase voz de Stevie Wonder e chapéus semelhantes aos do "clube do búfalo" de Fred Flinstone, Jason Kay, o líder da banda Jamiroquai, é a maior estrela da terceira noite do Free Jazz.
Foram necessárias apenas 48 horas de venda de ingressos para o show do sexteto inglês para que o Palace anunciasse o esgotamento dos bilhetes. Essa tem sido a trajetória do Jamiroquai.
Um dos estandartes do grupo é o seu próprio nome. Sua página oficial na Internet (www.jamiroquai.co.uk) coloca entre as questões mais frequentes dos fãs o significado da palavra de dez letras.
Na versão corrente, Jamiroquai é a fusão de "jam", termo que designa um encontro informal para tocar jazz, com iroquai, tribo de índios nativos americanos (note também a semelhança com o nome do líder da banda).
Apesar do nome e do visual esquisitos, o Jamiroquai não tem uma sonoridade particularmente estranha.
Pelo contrário, os "jamiroqueses" chamam a atenção justamente pela capacidade olímpica de assimilar influências -o site referido acima lista 29 artistas, ou bandas, citados por eles publicamente como inspiradores, de Frederic Chopin a Marvin Gaye.
Como abertura para o grupo de Jason Kay, o Free Jazz convidou uma estrela afim. Erykah Badu não é admiradora de Chopin, mas cultua igualmente nomes como Stevie Wonder e Marvin Gaye.
Escolada em literatura, em particular em poesia, Badu é quem assina todas -menos uma- das faixas de "Baduizm", seu disco de estréia -já lançado por aqui.
Algumas quadras adiante, em Moema, no Bourbon Street, o Free Jazz prossegue seu veio propriamente jazzístico.
O quarteto do saxofonista (alto, tenor e soprano) Donald Harrison abre os trabalhos com sonoridades jazzísticas tão elásticas quanto as referências pop do Jamiroquai.
Com o fraseado ágil descendente do bebop, Harrison desafia os que procuram carimbá-lo com um estilo. Em seu currículo, "Duck" Harrison traz a honra de ter substituído Branford Marsalis no prestigiado grupo Jazz Messengers, do legendário baterista Art Blakey.
Depois do quarteto de Harrison, o Bourbon recebe o piano de Danilo Perez, um dos grandes discípulos de Thelonious Sphere Monk.
Panamenho, Perez já gravou até um disco em tributo ao maior pianista do bebop. "PanaMonk" foi recebido com quatro estrelas e meia pela revista "Down Beat" -de cinco possíveis.
O último astro da noite é, de todas as atrações do festival, o que levou o jazz mais longe.
Pharoah Sanders foi personagem importante de todas as vanguardas jazzísticas dos anos 60 para cá, em especial do free jazz, de quem é considerado o maior expoente depois de Ornette Coleman.
Sanders, parceiro histórico de John Coltrane, brigou ao longo da carreira com aqueles que o chamavam de "maldito".

Veja a programação completa do Free Jazz no canal música do UOL



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