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"Chapado", "tapetão" e "laranja" vão ao "Aurélio"
Terceira versão do dicionário chega às livrarias registrando mais gírias e termos de informática
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CRISTINA GRILLO
da Sucursal do Rio
A partir de hoje,
palavras como
"dragão" (pessoa
muito feia), "laranja" (intermediários
em operações irregulares ou fraudulentas) e "tapetão" (tribunal onde se resolvem
questões jurídicas do futebol) ganham uma espécie de "reconhecimento oficial".
Elas são algumas das 28 mil novas palavras e acepções do dicionário "Aurélio Século 21", que
chega hoje às livrarias, editado pela Nova Fronteira.
Essa é a terceira versão do dicionário mais vendido no país
-desde sua primeira edição, em
1975, o "Aurélio" vendeu cerca de
18 milhões de exemplares.
São cerca de 170 mil verbetes,
300 páginas a mais do que a segunda versão, lançada em 1986.
Somando-se verbetes, definições
e locuções, chega-se a um total de
435 mil palavras.
"Há muitas novas gírias, mas
tomamos o cuidado de colocar
apenas aquelas que já têm uma
espécie de respaldo, palavras e
sentidos que estão em circulação
há algum tempo", afirma Marina
Baird Ferreira, 77, uma das coordenadoras da nova versão do
"Aurélio", que teve um custo de
cerca de R$ 5 milhões.
Viúva e principal colaboradora
do criador do dicionário, o lexicógrafo Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, morto em 1989, Marina é uma das coordenadoras do
projeto, ao lado de Margarida dos
Anjos Couto.
Marina defende a inclusão de
expressões como "sair do armário" (assumir publicamente a homossexualidade) e "chapado"
(embriagado ou drogado).
Ou de "factóide" -palavra utilizada pelo ex-prefeito do Rio Cesar Maia (1993-1996) para definir
alguns dos atos de sua administração e que, no novo "Aurélio", é
definida como "fato, verdadeiro
ou não, divulgado com sensacionalismo, no propósito deliberado
de gerar impacto diante da opinião pública e influenciá-la".
Maia disse à Folha que a inclusão da palavra no "Aurélio" "é
uma boa notícia", mas discorda
um pouco da definição.
"No "Aurélio", faltou dizer que
factóide sem imagem não é factóide", explicou o ex-prefeito, que
durante sua gestão "estendeu" o
horário de verão na cidade após
seu término em todo o país e se
deixou fotografar apontando para um dos relógios instalados nas
ruas da cidade com o que chamou
de "horário de Cesar".
Além das gírias incluídas em
sua terceira edição, o "Aurélio Século 21" traz várias novas palavras
surgidas a partir do desenvolvimento da informática.
Assim, "deletar" pode ser usada
como sinônimo de apagar, e "navegação" não é mais apenas o ato
de conduzir uma embarcação,
mas também o ato de percorrer
um hipertexto.
Houve a preocupação em aumentar a quantidade de termos
usados em outros países de língua
portuguesa, como Angola, Moçambique e Portugal.
O motivo para isso é simples: o
"Aurélio" vem sendo cada vez
mais vendido nesses países. Por
isso, no "Aurélio Século 21" podem ser encontradas palavras como "abuamado", termo usado
em Angola para significar pasmado, admirado, ou a explicação de
que "camisola", em Portugal, pode ser o mesmo que suéter.
O "Aurélio Século 21", um volume com 2.160 páginas, tem tiragem inicial de 100 mil exemplares.
Pela primeira vez, a editora Nova
Fronteira não sugeriu um preço
de venda para os livreiros.
"Isso vai beneficiar os compradores, já que haverá uma forte
concorrência entre os livreiros",
afirma Arthur Bahia, diretor comercial da editora.
Dicionário: Aurélio Século 21
Lançamento: editora Nova Fronteira
Quanto: preço não tabelado, que varia
de R$ 73 a R$ 108 (2.160 págs.)
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