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Diretor quis evitar enfoque "piedoso"
DA SUCURSAL DO RIO
Contar a história de seu
personagem sem fazer sociologia nem paternalismo,
apesar da inevitável metáfora de Brasil evocada por Cícero/Romão -faminto,
analfabeto, devoto do padre
Cícero e obstinado em busca
de um emprego. Esse é, para
o diretor Vicente Amorim, o
maior desafio de "O Caminho das Nuvens".
"Não é um filme sobre o
Brasil, é a história dessa família dentro do Brasil. Não
tentei, através do microcosmo dessa família, fazer um
analogia para todos os nordestinos ou todos os brasileiros, apenas tentei contar a
história dessa família", afirma o diretor.
Ao mesmo tempo, Amorim sabe que o filme provoca
metáforas inevitáveis, especialmente no contexto atual,
em que se discute o combate
à fome e em que o presidente
eleito, Luiz Inácio Lula da
Silva, foi um retirante nordestino.
Outra tentativa, diz o diretor, foi a de fugir do enfoque
"piedoso", comum quando
se trata do Nordeste, falando
de seca, retirante e fome.
Amorim situa seu filme na
série de produções recentes
que voltaram o olhar para o
Brasil da exclusão.
O diretor diz que os temas
sociais estão sendo redescobertos. Para ele, há um sentimento de despertar para a
brasilidade, como se o Brasil
estivesse "perdendo a vergonha de ser brasileiro", e, ao
mesmo tempo, o entendimento de que esses temas
são os mais ricos, que rendem melhores histórias. "A
pequena burguesia brasileira é de um enfado absoluto."
(FERNANDA DA ESCÓSSIA)
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