SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Com dores nas costas, dormência, falta de ar e tontura, o cantor e compositor Paulinho da Viola foi internado às pressas ontem de madrugada no Hospital Copa D'Or, em Copacabana (zona sul do Rio).
Um boletim médico divulgado à tarde pelo hospital informa que o artista sofreu uma fribilação atrial (arritmia cardíaca, quando o coração bate de modo irregular) e que ainda não existe previsão de alta.
Paulinho completará amanhã 62 anos. Ele não queria passar o aniversário hospitalizado, disse à Folha, por telefone, sua mulher, Lila Rabello.
"Os médicos do hospital falaram que ele deve ficar aqui até segunda-feira", lamentou ela. Lila disse que o marido começou a passar mal pouco depois da 1h.
"Foi uma coisa súbita. O médico decidiu interná-lo", afirmou ela, acrescentando que Paulinho jamais se queixara de algo parecido.
Assinado pelo clínico Moacir Pank, o boletim informa que Paulinho está na Unidade Cardio-Intensiva do Copa D'Or. Segundo o documento, a fribilação "reverteu espontaneamente". Não houve necessidade de cirurgia.
"Seu quadro é estável, apresenta-se lúcido e recebe medicação venosa", diz o boletim.
Nascido no Rio, Paulo César Batista de Faria virou Paulinho da Viola na década de 60. O apelido foi dado pelo compositor Zé Keti e pelo jornalista Sérgio Cabral. Eles argumentavam que o nome real do artista não combinava com um sambista.
Em 41 anos de vida artística, Paulinho da Viola compôs clássicos da música brasileira, como "Foi um Rio que Passou em Minha Vida", "Sei lá, Mangueira" (com Hermínio Bello de Carvalho), "Coração Leviano" e "Recado" (com Casquinha).
Paulinho da Viola também fez músicas em parceria com sambistas como Elton Medeiros, Martinho da Vila e Candeia, poetas e letristas como Ferreira Gullar, José Carlos Capinam, Aldir Blanc, Sérgio Natureza e Salgado Maranhão e músicos como Cristóvão Bastos, Arrigo Barnabé, Raphael Rabello. Recentemente fez uma série de apresentações com o grupo Nó em Pingo d'Água.
Sua última música inédita foi gravada neste ano pela dupla de sopros formada pelos músicos Mário Sève e Daniela Spielmann. Trata-se de "Vou me Embora pra Roça", uma parceria de Paulinho e Sève.


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