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"Bad boy", Pete Doherty lança livro controverso
Vocalista do Babyshambles, viciado em heroína e crack, expõe sua intimidade
Ex-namorado da top model Kate Moss reúne rascunhos de letras, confissões, fotos
e desenhos de 20 cadernos em "The Books of Albion"
EVA JOORY
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Peter Doherty, 28, ex-Libertines e atual vocalista do Babyshambles, prepara-se, mais uma
vez, para ir a julgamento por
posse de drogas na Inglaterra.
Condenado e preso inúmeras
vezes, ele viu sua vida transformada em novela diária nas
manchetes dos tablóides ingleses. Também acaba de lançar
seu trabalho mais sincero e
pessoal, "Shotters Nation", segundo CD de sua banda.
Viciado em heroína e crack, o
polêmico roqueiro, ex-namorado da top model Kate Moss, vive fugindo da Justiça inglesa
por causa das drogas, está sempre metido em escândalos e
brigas e tem passagens por várias clínicas de reabilitação.
Doherty já foi considerado
um Arthur Rimbaud tomado
pelo ácido, um poeta e um ícone decadente. Resumindo, é
um "bad boy" por excelência,
ao que parece, em busca da autodestruição ou controvérsia.
Tudo o que faz e diz é notícia.
Sua última façanha foi publicar os seus diários, 20 no total,
compilados pela editora inglesa
Orion Books e pelos quais ganhou 150 mil libras (cerca de
R$ 549 mil). O nome: "The
Books of Albion".
O que ajuda o roqueiro é a sua
auto-estima, sempre alta. Para
começar, ele se compara a John
Keats, célebre poeta irlandês.
"The Books of Albion" traz os
escritos, desenhos, fotos e rascunhos de letras de músicas do
cantor. Páginas xerocadas, letra incompreensível, interferências gráficas feitas à mão e
uma estética suja e confusa.
É um diário de um adolescente. Não há narrativa, nem linearidade. Conta as brigas com
Moss, fala de seus livros favoritos e mulheres. Às vezes, parece
estar sob o efeito de drogas, ao
deixar frases incompletas ou
manchar o diário com sangue.
O cantor escreve que já foi bilheteiro do famoso cinema londrino Prince Charles, já vendeu
pipoca e também já teve medo
de perder o emprego. Em uma
das páginas se lê: "Poeta, jovem
e ocupado procura quartos
grandes e baratos. Excelentes
referências à disposição". Foi o
anúncio que colocou no jornal
antes de dividir um apartamento com seu ex-companheiro de
banda Carl Bârat.
Ele não dá a mínima para as
críticas e não deu entrevistas. O
tablóide "Daily Mail" classificou assim o livro: "Diário de um
Ninguém". Para o "The Observer", "a prosa de Doherty é crua
e o efeito cumulativo é curiosamente tocante".
Sobre seu relacionamento
com Kate Moss, escreve: "De
volta à história. Kate e eu trepando e brigando durante todo
o trajeto do Eurostar [trem que
liga Londres a Paris] até que finalmente o sangue estava na
minha cabeça".
A modelo também ganha algumas páginas com direito a fotos, corações e declarações de
amor. Uma das páginas reproduz um bilhete dela ao namorado (leia no quadro ao lado). Em
uma foto, vê-se colada a palavra
"Priory Visitor", numa alusão
ao período de internação na famosa clínica londrina, que tanto poderia ter sido ela como ele.
O vaidoso roqueiro já foi fotografado pelo estilista Hedi
Slimane no livro "London Birth
of a Cult" e recentemente teve a
sua vida exposta pela mãe, Jacqueline, que publicou "My Prodigal Son" (meu filho pródigo).
Talentoso, amado pelos fãs e
odiado pela imprensa marrom,
que só vê nele um assunto para
vender mais jornais, parece não
se preocupar com o futuro.
Quer apenas, como escreveu no
diário, se exibir: "Quero me divertir antes de abandonar essa
urgência de ser adorado".
O livro não tem previsão de
lançamento no Brasil. Pode ser
comprado pela Amazon
(www.amazon.com) por US$
27 (R$ 47).
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