São Paulo, domingo, 11 de novembro de 2007

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comentário

Ator usa seu valor de face para negociar

SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA

A trajetória de George Clooney ilustra as mudanças no "sistema das estrelas" hollywoodiano. Na época das celebridades, obter 15 minutos de fama é relativamente simples. Mas manter-se no cume exige talentos múltiplos.
Na Hollywood dos anos 20 aos 40, os atores assinavam contratos com os estúdios, que administravam suas carreiras e vidas pessoais. Jornais, revistas e emissoras de rádio eram abastecidos por informações que criavam imagens públicas alimentadas da "persona" cinematográfica de cada um.
Os traços dos deuses da tela eram desenhados pelas áreas de produção, comunicação e RH dos estúdios. Com a implosão do "sistema dos estúdios" a partir dos anos 50, os atores passaram a estabelecer os próprios rumos.
Mais do que um ator com talento para produzir, dirigir e escrever, Clooney parece ter fina compreensão das atuais regras do jogo. Tornou-se rei de "talk shows", comentários politicamente corretos e serena discrição na era da circulação maciça de desvios e prazeres privados.
E mais: usa seu valor de face para negociar com um gigante como a Warner projetos ligados a convicções políticas. Ao fazer crer que há um só George por trás de tudo isso, criou imunidade à suspeita de que toda celebridade tem duas caras. E a dele, ainda por cima, é ótima.


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