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comentário
Ator usa seu valor de face para negociar
SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA
A trajetória de George
Clooney ilustra as mudanças no "sistema das estrelas" hollywoodiano. Na
época das celebridades,
obter 15 minutos de fama é
relativamente simples.
Mas manter-se no cume
exige talentos múltiplos.
Na Hollywood dos anos
20 aos 40, os atores assinavam contratos com os estúdios, que administravam suas carreiras e vidas
pessoais. Jornais, revistas
e emissoras de rádio eram
abastecidos por informações que criavam imagens
públicas alimentadas da
"persona" cinematográfica de cada um.
Os traços dos deuses da
tela eram desenhados pelas áreas de produção, comunicação e RH dos estúdios. Com a implosão do
"sistema dos estúdios" a
partir dos anos 50, os atores passaram a estabelecer
os próprios rumos.
Mais do que um ator
com talento para produzir,
dirigir e escrever, Clooney
parece ter fina compreensão das atuais regras do jogo. Tornou-se rei de "talk
shows", comentários politicamente corretos e serena discrição na era da circulação maciça de desvios
e prazeres privados.
E mais: usa seu valor de
face para negociar com um
gigante como a Warner
projetos ligados a convicções políticas. Ao fazer
crer que há um só George
por trás de tudo isso, criou
imunidade à suspeita de
que toda celebridade tem
duas caras. E a dele, ainda
por cima, é ótima.
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