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Morre o escritor Norman Mailer, aos 84
Vencedor do Pulitzer duas vezes, o jornalista e romancista foi vítima de falência renal aguda, ontem pela manhã
Entre os principais livros do autor norte-americano, estão "Os Nus e os Mortos", "Os Degraus do Pentágono" e "A Canção do Carrasco"
DENYSE GODOY
DE NOVA YORK
O escritor Norman Mailer,
expoente do "novo jornalismo"
e um dos maiores nomes da literatura americana do pós-guerra, morreu ontem pela manhã em Nova York, aos 84 anos, de falência renal aguda. No dia
17 de outubro, a família divulgou que ele estava internado no
hospital Monte Sinai após realizar uma cirurgia no pulmão.
Vencedor do Prêmio Pulitzer
em duas ocasiões (1968, com
"Os Exércitos da Noite - Os Degraus do Pentágono", e 1979,
com "A Canção do Carrasco",
ambos fora de catálogo no Brasil), o escritor também era conhecido pelo estilo violento e
por seu antagonismo ao feminismo. Romancista, ensaísta e
repórter, publicou mais de 40
livros, transitando entre a ficção e a não-ficção.
Nesta semana, saiu seu último livro, "On God: an Uncommon Conversation" (sobre
Deus: uma conversa incomum), ainda inédito no Brasil,
no qual critica o presidente
George W. Bush e a guerra do
Iraque. O romance "The Castle
in the Forest" (o castelo na floresta) foi lançado no início do
ano nos EUA e deve ser publicado em dezembro no Brasil
pela Companhia das Letras.
Mailer escreveu uma biografia de Marilyn Monroe e contou
a história de Lee Harvey Oswald, assassino do presidente
John Kennedy. "Uma coisa que
eu sempre quis ser foi escritor",
comentou. "Queria escrever
um romance que Dostoiévski e
Marx, Joyce e Freud, Stendhal,
Tolstói, Proust e Spengler,
Faulkner e até o velho e mofado
Hemingway quisessem ler."
Trajetória
Judeu nascido em Long
Branch, no Estado de Nova Jersey, em 31 de janeiro de 1923, o
escritor cresceu no Brooklyn,
em Nova York, cidade que testemunhou seu estilo de vida
ruidoso -era fumante inveterado, mulherengo, bebia e sempre arrumava encrencas. "Nova
York acaba comigo. Não consigo mais ficar a noite toda na rua
e escrever no dia seguinte", disse. Há dez anos, adotou o que
chamou de "vida abstêmia" e se
mudou para Provincetown,
Massachusetts, com a mulher,
Norris Church.
Casou-se seis vezes e teve nove filhos. Em 1960, ele esfaqueou com um canivete a sua
segunda mulher, Adele Morales, com quem estava desde
1954. Acabaram se reconciliando; e ela contou a sua versão do
ocorrido na biografia "The Last
Party" (a última festa). Por conta desse episódio e de alusões a
agressões sexuais em sua obra,
era freqüentemente criticado
pelo movimento feminista.
Formou-se em engenharia
aeronáutica por Harvard em
1943 e e serviu no Exército durante a Segunda Guerra Mundial. A experiência é contada
em seu primeiro romance, "Os
Nus e os Mortos", de 1948. Muito bem recebido pela crítica, o
livro chegou ao topo da lista de
mais vendidos.
Candidato à Prefeitura de
Nova York em duas ocasiões,
Mailer afundou a própria campanha ao chamar seus aliados
de "bando de porcos mimados".
Descrevia-se como um "conservador de esquerda" e dizia
detestar o capitalismo.
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