São Paulo, Sábado, 11 de Dezembro de 1999


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Personagens contestam livro de Conti

da Reportagem Local

Alguns já leram e não gostaram, outros já não gostaram antes de ler. Entre os personagens envolvidos na edição do debate entre Collor e Lula, feita pelo "Jornal Nacional", há muita divergência e ressentimento recíproco, mas todos, ou quase, têm algo em comum: esconjuram o livro "Notícias do Planalto", de Mario Sergio Conti.
Ronald Carvalho leu: "Considero o livro impreciso e mal informado. No episódio em que fui um dos principais personagens, simplesmente não fui ouvido. Mario Sergio não tem o meu depoimento", afirma Carvalho, que era editor de Política da Rede Globo em 89. "Este livro se define na introdução, quando o autor diz que não revelaria quais fontes contaram os casos narrados no livro."
Conti rebate as objeções: "Considerei suficiente o depoimento que ele, Ronald, deu à revista "Interview" em 93, que aliás não corresponde à verdade. Ele deve se achar mais importante do que eu o considerei". Quanto ao sigilo das fontes de informação, Conti argumenta que "essa era a única maneira de obter informações importantes e reconstituir diálogos, sem revelar quem os contou". "Tirei do livro vários diálogos e fatos em que as versões não batiam umas com as outras."
As críticas de Paulo Henrique Amorim, que saiu brigado da Globo, em 96, são de ordem mais geral e política. O livro, diz ele, "não tem projeto": "Não encontro ali uma tese, uma proposta de discussão. Não encontro ali as verdades maiores sobre as relações da mídia com o poder".
Em segundo lugar, prossegue Amorim, especificamente sobre a edição do debate: "O livro atenua, minimiza, alivia a responsabilidade de Roberto Marinho e de Alberico. A ordem ali era botar no ar todos os defeitos do Lula e todas as virtudes do Collor, todos sabiam disso. Na campanha, eu e o Ronald tínhamos a autonomia de vôo de uma barata".
Conti refuta as críticas: "O livro não parte de uma tese, procura narrar o envolvimento da imprensa com o poder, mostrar com fatos como ele se deu. Sua proposta é essa. Procurei tratar a Globo com isenção, coisa que Paulo Henrique tem dificuldades. Considero a interferência do Dr. Roberto na edição do debate bastante clara no livro, e o capítulo 29, sobre a campanha da Globo contra Alceni Guerra (ministro da Saúde de Collor), é um retrato de um massacre televisivo, uma amostra do Dr. Roberto atuando. Eu não escrevi no livro que "todo mundo sabia" de determinada coisa, como ele faz".
Armando Nogueira se sente pessoalmente atingido pelo retrato que Conti faz de sua atuação profissional. "É uma desfaçatez do Mario Sergio me pintar como um ocioso, um jogador de tênis ou um voador de ultraleve, dizer que eu não dava bola para a TV. Ele fere minha dignidade, sabe que eu só voava nos fins-de-semana e que só jogava tênis de manhã, antes do trabalho. Nunca faltei com minhas obrigações."
Conti argumenta que o perfil de Nogueira, como de todos os principais personagens do livro, "é resultado do cruzamento de várias entrevistas". "Eu não quis ridicularizar nem proteger ninguém; é natural que a auto-imagem do Armando não corresponda à imagem que o livro faz dele."



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