|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Personagens contestam livro de Conti
da Reportagem Local
Alguns já leram e não
gostaram, outros já não
gostaram antes de ler. Entre
os personagens envolvidos
na edição do debate entre
Collor e Lula, feita pelo
"Jornal Nacional", há muita
divergência e ressentimento recíproco, mas todos, ou
quase, têm algo em comum: esconjuram o livro
"Notícias do Planalto", de
Mario Sergio Conti.
Ronald Carvalho leu:
"Considero o livro impreciso e mal informado. No episódio em que fui um dos
principais personagens,
simplesmente não fui ouvido. Mario Sergio não tem o
meu depoimento", afirma
Carvalho, que era editor de
Política da Rede Globo em
89. "Este livro se define na
introdução, quando o autor
diz que não revelaria quais
fontes contaram os casos
narrados no livro."
Conti rebate as objeções:
"Considerei suficiente o depoimento que ele, Ronald,
deu à revista "Interview" em
93, que aliás não corresponde à verdade. Ele deve
se achar mais importante
do que eu o considerei".
Quanto ao sigilo das fontes
de informação, Conti argumenta que "essa era a única
maneira de obter informações importantes e reconstituir diálogos, sem revelar
quem os contou". "Tirei do
livro vários diálogos e fatos
em que as versões não batiam umas com as outras."
As críticas de Paulo Henrique Amorim, que saiu
brigado da Globo, em 96,
são de ordem mais geral e
política. O livro, diz ele,
"não tem projeto": "Não
encontro ali uma tese, uma
proposta de discussão. Não
encontro ali as verdades
maiores sobre as relações
da mídia com o poder".
Em segundo lugar, prossegue Amorim, especificamente sobre a edição do debate: "O livro atenua, minimiza, alivia a responsabilidade de Roberto Marinho e
de Alberico. A ordem ali era
botar no ar todos os defeitos do Lula e todas as virtudes do Collor, todos sabiam
disso. Na campanha, eu e o
Ronald tínhamos a autonomia de vôo de uma barata".
Conti refuta as críticas:
"O livro não parte de uma
tese, procura narrar o envolvimento da imprensa
com o poder, mostrar com
fatos como ele se deu. Sua
proposta é essa. Procurei
tratar a Globo com isenção,
coisa que Paulo Henrique
tem dificuldades. Considero a interferência do Dr.
Roberto na edição do debate bastante clara no livro, e
o capítulo 29, sobre a campanha da Globo contra Alceni Guerra (ministro da
Saúde de Collor), é um retrato de um massacre televisivo, uma amostra do Dr.
Roberto atuando. Eu não
escrevi no livro que "todo
mundo sabia" de determinada coisa, como ele faz".
Armando Nogueira se
sente pessoalmente atingido pelo retrato que Conti
faz de sua atuação profissional. "É uma desfaçatez
do Mario Sergio me pintar
como um ocioso, um jogador de tênis ou um voador
de ultraleve, dizer que eu
não dava bola para a TV.
Ele fere minha dignidade,
sabe que eu só voava nos
fins-de-semana e que só jogava tênis de manhã, antes
do trabalho. Nunca faltei
com minhas obrigações."
Conti argumenta que o
perfil de Nogueira, como de
todos os principais personagens do livro, "é resultado do cruzamento de várias
entrevistas". "Eu não quis
ridicularizar nem proteger
ninguém; é natural que a
auto-imagem do Armando
não corresponda à imagem
que o livro faz dele."
Texto Anterior: Conheça a íntegra da edição do debate no "Jornal Nacional"* Próximo Texto: Joyce Pascowitch Índice
|