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ILUSTRADA
"Fé não move a montanha", diz Roberto Carlos
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
Em sua entrevista coletiva
anual, Roberto Carlos voltou a
vestir azul para enfrentar dezenas
de repórteres e fotógrafos. Mas o
Rei que falou durante uma hora e
15 minutos ontem, no Rio, esteve
praticamente nu, como poucas
vezes em outros anos.
Tratado por ele com extremo
bom humor, o tema dominante
foi o tratamento que faz desde
maio contra o TOC (transtorno
obsessivo-compulsivo), síndrome que ajudaria a explicar suas
lendárias superstições.
Ele começou a falar dela quando
foi questionado se não voltaria a
cantar "Quero que Tudo Vá pro
Inferno", rock que baniu por causa da palavra diabólica.
"Durante muito tempo, as superstições foram vistas por mim
mesmo como superstições. Mas,
graças à ciência, cheguei à conclusão de que o que eu tenho é TOC.
Tenho só superstições comuns.
Com o tratamento, quem sabe eu
não volte a cantar ["Quero que Vá
Tudo pro Inferno"]...", afirmou.
A pergunta foi motivada por
um misto de gafe e excesso de ridículo: quando Roberto entrou
na sala para a coletiva, sua gravadora (Sony) botou para tocar a
música-tabu, interpretada por ele
em 1965. Só que na hora do refrão,
entrava a voz de Cid Moreira recitando um salmo bíblico.
O disco de 1965 é um dos oito
dos anos 60 que estão sendo relançados numa caixa (cerca de R$
230). A seguir virão anos 70 (março de 2005), 80 (julho), 90/2000
(setembro) e discos internacionais (dezembro). A primeira caixa sai com o DVD "Pra Sempre ao
Vivo no Pacaembu" (R$ 50), gravado neste ano. Existe um CD homônimo, que só pode ser adquirido junto com o DVD (entre R$ 65
e R$ 70, segundo a Sony).
Questionado pela Folha se não
achava um preço alto demais para
seu público, Roberto, primeiramente, não pôde responder, porque o vice-presidente de marketing da gravadora, Alexandre
Schiavo, começou a dar explicações. Quando conseguiu falar, foi
claro. "Acho caro sim. Porque
meu público é muito popular e
não sei se vai comprar um produto meu por esse preço. O DVD é
mesmo bem mais caro do que o
CD. Então, não há o que a gente
possa fazer. Senão, faria", disse.
A religião também já não é a
mesma para o Rei. "Eu me considero um cara realista. A fé não remove montanhas. Não muda o
curso das coisas, muda você. Mas
mover a montanha, não move
mesmo. Não me iludo", afirmou.
Indicando que está mesmo mudando, Roberto só falou de Maria
Rita duas vezes e no final da entrevista. "Todos os Natais que passei
com Maria Rita foram inesquecíveis. Nunca vou superar a ausência física dela, mas estou aprendendo a conviver com isso."
O CD está caro para o grande
público, mas o especial da TV
Globo está mantido, embora a
emissora não tenha aceitado gravá-lo no Maracanã, como o cantor queria. "Às vezes acontece
uma coisinha ou outra, mas minha relação com a Globo é ótima", despistou.
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