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Crítica
Cronenberg troca cinema físico pelo drama
PAULO SANTOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
No cinema de David Cronenberg, a deformação é, na verdade, uma reformação, com o corpo mudando para revolucionar,
tornar-se outro e melhor.
Em "A Mosca", o cientista ganha potência sexual a partir da
fusão acidental com o inseto.
Em "Crash - Estranhos Prazeres", o grupo que cultua acidentes automobilísticos quer fazer
da carne e da chapa metálica algo uno, para finalmente ajustar
o corpo à era do carro.
Mas o processo metamórfico, item central na obra do diretor, não é mais uma questão em
"Senhores do Crime" (TC
Premium, 17h50, não indicado
a menores de 16 anos). Na história, Naomi Watts é a enfermeira que salva um bebê e se
enrasca com a máfia russa.
A bestialização dos gângsteres já se deu e, já monstros, estão no estágio final da mutação.
E a adulteração corporal é mínima: em vez de um novo relevo, o corpo recebe apenas uma
escrita (tatuagens). Sintomático, pois Cronenberg se remodela, trocando seu cinema físico pelo de enredo dramático.
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