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Autor diz como "Law & Order" mudou após 11/9
Clima de paranoia se reflete na série, que estreia 20ª temporada hoje no Brasil
Primeiro episódio causou polêmica com foco em tortura usada pelo governo dos EUA; programa mistura elementos policiais e legais
LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL
"Law & Order" vai bater o recorde de mais longevo seriado
no horário nobre norte-americano. Já foi encomendada sua
21ª temporada, que vai fazê-lo
superar "Gunsmoke" (1955).
Em animação, "Os Simpsons"
também está no 20º ano.
Hoje, no Universal Channel
brasileiro, vai ao ar o primeiro
episódio da 20ª temporada.
Nos tempos atuais, em que chegar a 20 capítulos já é um sucesso, causam inveja esses mais de
400 episódios, transmitidos
por cerca de 150 países.
Ambientado em Nova York, o
programa gira em torno de um
crime investigado por detetives
que depois segue para os tribunais. Desde a estreia, já conquistou seis Emmy.
O canadense René Balcer, roteirista e produtor-executivo
da série, está entre os culpados
pelo sucesso. Em entrevista a
jornalistas da América Latina,
diz que o segredo está nas histórias. "São comoventes.
Não
nos prendemos nos personagens principais. Afinal, após 20
anos, o que mais poderíamos
dizer deles?", brinca. Na nova
fase, ele diz que a série investirá
em histórias pessoais. Dá o
exemplo da supervisora Anita
van Buren (S. Epatha Merkerson), que vai ser mãe.
Tortura
Também traz uma estreia
polêmica, sobre o uso de tortura pelo governo dos EUA, quando um veterano de guerra é encontrado morto. Investigando
o caso, os detetives percebem
que as memórias do conflito
afetaram a vítima. Alguém se
lembrou de Abu Ghraib?
"O seriado não tem uma
orientação política. Recebemos
críticas de todos os lados. Essa
estreia nos rendeu acusações
de marxistas a traidores. Por
outro lado, também recebemos
aplausos pela honestidade. Estamos deixando todos raivosos.
Então acho que estamos fazendo um bom trabalho", diz.
Balcer escreveu dez temporadas, saiu para lançar a franquia "Criminal Intent" e voltou
há três anos. Fazer a série evoluir era uma preocupação.
"Criamos "Law & Order" quando havia uma guerra contra as
drogas em Nova York. Tinha
um anseio por mostrar isso.
Depois, a cidade mudou. Aquela guerra acabou. Os jovens delinquentes estavam velhos."
Outro evento maior determinou mais mudanças: o 11 de Setembro. "Após o ataque, temos
20 mil câmeras. Há paranoia e
insegurança no ar. Queremos
refletir isso. As pessoas sempre
olham para cima quando um
avião voa um pouco mais baixo.
Esse clima está no programa."
O roteirista conta que ninguém imaginava que a série faria sucesso. "Trabalhei em 13
capítulos; esperava que chegasse a 20. O resto foi surpresa."
Ele diz que, após o décimo
ano, as coisas ficaram mais fáceis: "Assinamos um contrato
por outros cinco anos. Mesmo
assim, a 20ª foi complicada de
fechar. Já a 21ª foi tranquila".
LAW & ORDER
Quando: ter., às 22h, no Universal
Channel; estreia hoje, às 22h
Classificação: 14 anos
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