São Paulo, quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

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CRÍTICA POP

Intimista, apresentação da cantora é arrepiante, mas acontece no lugar errado

DA ENVIADA AO RIO

Nada de pirotecnias. Se alguém foi ao HSBC Arena, na Barra da Tijuca, no Rio, com público de 15 mil pessoas, esperando por um megashow internacional, com certeza saiu decepcionado.
A apresentação de Amy Winehouse é intimista. E seria melhor absorvida em um clube de jazz.
Amy não tem dançarinos, jogos de luz, cenário mirabolante, nada disso. "Apenas" uma grande banda (de jazz) e a presença tímida, mas simpática e já icônica no palco.
Ela também não é moça de sair batendo papo com a plateia e pedindo para que "cante junto". Pense no oposto de Madonna. Essa é Amy Winehouse em sua primeira apresentação no Rio de Janeiro, anteontem à noite.
Usando um vestido de oncinha curto, seu penteado único, ela entra no palco e de cara canta, depois de um simples "Hello, Brazil", o hit "Just Friends". É o suficiente para que todos cantem junto.
Com sua dancinha tímida, ela não precisa jogar o microfone para o público. É acompanhada. O mesmo acontece com "Back to Black" e "You Know I'm No Good". A festa já parece garantida. E ver a moça cantando que "falou que era problemática porque, você sabe, eu não sou boa", emociona. A Amy que está ali parece uma pessoa de verdade. E não uma personagem de si mesmo, como tantas estrelas.
Com a plateia na mão (e sem parecer precisar se esforçar para isso), ela toca músicas novas e o povo esfria. Depois de uma sequência de sete canções, sem conversinha, ela sai do palco e deixa o show para sua (grande) banda, que toca três músicas.
Esfria o show, mas é só ela ressurgir se equilibrando por cima dos palcos e cantar "Rehab" para ficar tudo bem.
O hit que faz o público gritar "no, no, no" e dançar é seguido por uma versão arrepiante de "Me & Mr Jones", em que ela canta lindamente que "ninguém se mete entre ela e seu homem". A imagem frágil de Amy com a frase "de mulher brava" casam perfeitamente. Todo mundo canta junto feliz da vida.
O problema é que o show é curto. Em apenas uma hora e quinze minutos, tudo acabou. Amy não deu vexame. Esqueceu a letra de uma música, mas lidou com isso bem, dando risadas simpáticas. Mas quem pagou R$ 400 por um lugar na pista e encarou cerca de duas horas de engarrafamento para chegar até o ginásio queria mais.
Não teve. As luzes acendem. O que aconteceu foi um lindo show de jazz. Mas em uma arena de megashow. Tudo certo. Mas no lugar errado.
(NINA LEMOS)

SUMMER SOUL FESTIVAL

QUANDO sábado, às 18h
ONDE Arena Anhembi (av. Olavo Fontoura, 1.209, tel.0/xx/11/4003-1527), em São Paulo
QUANTO R$ 200 (pista)
CLASSIFICAÇÃO 16 anos
AVALIAÇÃO bom


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