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OSCAR
Indicação despreza grandes bilheterias
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
de Washington
Os 5.173 eleitores que escolheram os finalistas para o 69.o Oscar
parecem ter preferido a qualidade
ao sucesso de público quando votaram. Ao contrário da tradição, a
maioria dos indicados são filmes
independentes que não explodiram nas bilheterias dos EUA.
Outra conclusão que se pode depreender do resultado da votação é
de que as atrizes foram dominadas
pelo espírito corporativo e marginalizaram cantoras que também
representam. Madonna e Courtney Love, elogiadíssimas por seus
desempenhos em "Evita" e "O
Povo Contra Larry Flint", ficaram
de fora.
Dos indicados para melhor filme, só um, "Jerry Maguire", esteve na lista dos mais vistos de 1996 e
ele é o azarão no grupo, já que seu
diretor, Cameron Crowe, não conseguiu entrar na lista da sua categoria (Milos Forman, por "Larry
Flint", o único diretor de filmes
não indicados em 1996 escolhido
por seus pares, pegou a sua vaga).
O grande favorito, com 12 indicações, é, sem dúvidas, "O Paciente Inglês". É o tipo de filme
que agrada os eleitores do Oscar
(para a categoria de melhor filme,
todos os eleitores votam; para as
demais categorias, só os colegas de
atividade, como atores em atores).
"Lawrence da Arábia"
"O Paciente Inglês" é um filme
épico, clássico, longo, artístico,
baseado em boa literatura, bem interpretado pelos atores principais.
Tem tudo para ser o "Lawrence da
Arábia" do final do século.
Seu diretor, Anthony Minghella,
tem biografia parecida com a de
dois de seus concorrentes: Mike
Leigh (por "Segredos e Mentiras") e Scott Hicks (por "Shine"). Nenhum dos três é norte-americano (Hicks é australiano, os
outros, ingleses) e todos fizeram
carreira na TV antes do cinema. Os
outros dois diretores são o veterano Milos Forman (iugoslavo naturalizado norte-americano, vencedor do Oscar com "Um Estranho
no Ninho" e "Amadeus") e o
"enfant-terrible" dos EUA Joel
Cohen (por "Fargo"). Forman e
Cohen têm menos chances.
Na categoria de ator, o australiano Geoffrey Rush é o favorito. Sua
atuação em "Shine", a história
verdadeira de um pianista extremamente talentoso que enlouquece devido à influência do pai tirânico mas depois consegue recuperar a carreira graças ao amor de
uma astróloga, é excepcional.
Tom Cruise ("Jerry Maguire") e
o britânico Ralph Fiennes ("O Paciente Inglês") podem ameaçar
Rush, especialmente Fiennes, mas
é difícil. Rush já ganhou os outros
prêmios de melhor ator de 1996 e
dificilmente perderá o principal.
Muito menos previsível é a categoria de melhor atriz. Ao contrários dos últimos anos, em que faltaram candidatas, em 1996 elas estão sobrando, a ponto de uma considerada certa entre as finalistas, a
veterana Debbie Reynolds (por
"Mãe"), ter ficado de fora.
Como nas outras categorias
principais, as favoritas aqui são estrangeiras: as britânicas Brend
Blethyn ("Segredos e Mentiras"),
Kristin Scott Thomas ("O Paciente Inglês") e Emily Watson ("Ondas do Destino"). Watson e
Blethyn têm maiores chances. Mas
se "O Paciente Inglês" funcionar
como um arrastão, Thomas pode
se beneficiar.
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