São Paulo, quarta, 12 de fevereiro de 1997.

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OSCAR
Indicação despreza grandes bilheterias

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
de Washington

Os 5.173 eleitores que escolheram os finalistas para o 69.o Oscar parecem ter preferido a qualidade ao sucesso de público quando votaram. Ao contrário da tradição, a maioria dos indicados são filmes independentes que não explodiram nas bilheterias dos EUA.
Outra conclusão que se pode depreender do resultado da votação é de que as atrizes foram dominadas pelo espírito corporativo e marginalizaram cantoras que também representam. Madonna e Courtney Love, elogiadíssimas por seus desempenhos em "Evita" e "O Povo Contra Larry Flint", ficaram de fora.
Dos indicados para melhor filme, só um, "Jerry Maguire", esteve na lista dos mais vistos de 1996 e ele é o azarão no grupo, já que seu diretor, Cameron Crowe, não conseguiu entrar na lista da sua categoria (Milos Forman, por "Larry Flint", o único diretor de filmes não indicados em 1996 escolhido por seus pares, pegou a sua vaga).
O grande favorito, com 12 indicações, é, sem dúvidas, "O Paciente Inglês". É o tipo de filme que agrada os eleitores do Oscar (para a categoria de melhor filme, todos os eleitores votam; para as demais categorias, só os colegas de atividade, como atores em atores).
"Lawrence da Arábia"
"O Paciente Inglês" é um filme épico, clássico, longo, artístico, baseado em boa literatura, bem interpretado pelos atores principais. Tem tudo para ser o "Lawrence da Arábia" do final do século.
Seu diretor, Anthony Minghella, tem biografia parecida com a de dois de seus concorrentes: Mike Leigh (por "Segredos e Mentiras") e Scott Hicks (por "Shine"). Nenhum dos três é norte-americano (Hicks é australiano, os outros, ingleses) e todos fizeram carreira na TV antes do cinema. Os outros dois diretores são o veterano Milos Forman (iugoslavo naturalizado norte-americano, vencedor do Oscar com "Um Estranho no Ninho" e "Amadeus") e o "enfant-terrible" dos EUA Joel Cohen (por "Fargo"). Forman e Cohen têm menos chances.
Na categoria de ator, o australiano Geoffrey Rush é o favorito. Sua atuação em "Shine", a história verdadeira de um pianista extremamente talentoso que enlouquece devido à influência do pai tirânico mas depois consegue recuperar a carreira graças ao amor de uma astróloga, é excepcional.
Tom Cruise ("Jerry Maguire") e o britânico Ralph Fiennes ("O Paciente Inglês") podem ameaçar Rush, especialmente Fiennes, mas é difícil. Rush já ganhou os outros prêmios de melhor ator de 1996 e dificilmente perderá o principal.
Muito menos previsível é a categoria de melhor atriz. Ao contrários dos últimos anos, em que faltaram candidatas, em 1996 elas estão sobrando, a ponto de uma considerada certa entre as finalistas, a veterana Debbie Reynolds (por "Mãe"), ter ficado de fora.
Como nas outras categorias principais, as favoritas aqui são estrangeiras: as britânicas Brend Blethyn ("Segredos e Mentiras"), Kristin Scott Thomas ("O Paciente Inglês") e Emily Watson ("Ondas do Destino"). Watson e Blethyn têm maiores chances. Mas se "O Paciente Inglês" funcionar como um arrastão, Thomas pode se beneficiar.


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