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FILMES
TV PAGA
Douglas Sirk ensina as virtudes da observação
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Às vezes , filmes de impacto
não deixam grande coisa em
nossa lembrança. Isso é até certo
ponto pessoal, e não se pode dar
um valor absoluto ao efeito que os
filmes provocam em nós.
Mas, substitua-se a palavra lembrança por história, e temos aí algo mais conseqüente. Escrevendo
sobre sua participação em "Palavras ao Vento", Lauren Bacall refere-se ao filme quase como um
melodrama algo desprezível. É
possível que ela tenha mesmo tratado "Palavras" como um trabalho de ocasião; em todo caso, Lauren é a menos interessante dos
quatro protagonistas da história.
O fato é que o filme de Douglas
Sirk não precisou esperar pelas
belas críticas de R.W. Fassbinder
para se tornar um dos grandes
mestres do cinema dos anos 50,
quase do lado oposto ao de um
Samuel Fuller.
Fuller é impulsivo, direto, grosseiro, se necessário. Sirk é, ao contrário, refinado, delicado, calculista. Fuller é um cineasta do corpo, enquanto Sirk parece endereçar-se à alma dos personagens.
É o que busca captar em "Palavras ao Vento", quando aborda o
autodestrutivo Kyle Hadley ou a
alienada Marylee Hadley, os dois
rebentos de um milionário texano
(setor petróleo). Esqueçamos que
filhos autodestrutivos de famílias
milionárias texanas dão em presidentes de qualidade duvidosa.
Não é esse o ponto, e sim: como
a cada enquadramento Sirk estala
suas cores quase cafonas (mas nunca cafonas -e entre uma coisa e outra vai uma distância de léguas: a que separa a cafonice representada de um ex-aluno de Panovski, como Sirk), seus espelhos
delirantes a duplicar os seres e a
contemplá-los cruelmente, seus
vidros separando os seres do
mundo. É toda uma sutil maquinação que transforma por vezes
histórias horríveis em obras-primas. Não é o caso aqui. Aqui temos uma boa história que se
transforma em obra-prima.
PALAVRAS AO VENTO. Quando: hoje,
às 21h, no Telecine Classic.
TV ABERTA
Clint Eastwood triunfa em "Meia-Noite no Jardim..."
Lua-de-Mel no Havaí
SBT, 14h.
(Parent Trap 3). EUA, 1989, 89 min.
Direção: Mollie Miller. Com Hayley Mills.
Terceiro filme da série (o primeiro é de
1961, o segundo, de 1986), com Mills
sempre fazendo as duas gêmeas. Agora,
como governanta de trigêmeas cujo pai
está noivo de uma mulher muito chata.
Já programado pela emissora com o
título de "Operação Cupido 3".
Tempo de Ser Livre
SBT, 16h.
(Love Song). EUA, 2000, 88 min. Direção:
Julie Dash. Com Monica Arnold. Garota
negra se apaixona por rapaz branco e
músico, que a incentiva a descobrir que
tem uma bela voz. Inédito.
Waterworld - O Segredo das
Águas
Globo, 16h05.
(Waterworld). EUA, 1995, 135 min.
Direção: Kevin Reynolds. Com Kevin
Costner, Dennis Hopper, Jeanne
Tripplehorn. Num mundo tomado pelas
águas, o mutante Costner busca o lugar
onde ainda existe terra firme. Um grupo
de seres terríveis tenta impedi-lo. Dito
assim, parece que vai acontecer alguma
coisa. Na verdade, a quantidade de água
é inversamente proporcional à de ação.
O filme foi um dispendioso, porém
compreensível, naufrágio.
Comando de Elite
Record, 22h.
(The Lost Patrol). EUA,1999, 93 min.
Direção: Joseph Zito. Com Gary Daniels.
Oficial é convocado a encontrar grupo de
soldados desaparecido numa fronteira
dos países árabes, onde os EUA estão
metendo o bedelho, como de costume.
O Vingador da Noite
Globo, 23h25.
(Midnight Man). EUA, 1994, 90 min.
Direção: John Weidner. Com Lorenzo
Lamas, James Lew, James Shigeta.
Investigador de origem cambojana e
homem de artes (marciais), Lamas
investiga o massacre de gangue de
cambojanos por membros da
ramificação da Yakuza no Camboja. A
luta não será suave, pois a Yakuza corta
os dedos de seus próprios membros, mas
tem métodos mais radicais ainda com os
adversários.
Não Somos Anjos
SBT, 23h45.
(We're No Angels). EUA, 1989, 106 min.
Direção: Neil Jordan. Com Robert De
Niro, Sean Penn. Dois presidiários
escapam e se refugiam num mosteiro.
Embora um tanto esnobado, esse
exercício de humor de Jordan é sempre
original e explora bem o talento de seus
atores.
Ligados pelo Perigo
SBT, 1h45.
(Do Me a Favor). EUA, 1996, 105 min.
Direção: Sondra Locke. Com Rosanna
Arquette, Devon Gummersall, George
Dzundza. Estudante aplicado pede a
uma desconhecida que lhe compre a
bebida que um balconista está negando.
Ela topa. A vida dele nunca mais será a
mesma.
Criaturas
Globo, 3h10.
(Critters). EUA, 1986, 86 min. Direção:
Stephen Herek. Com Dee Wallace Stone,
Scott Grimes, M. Emmet Walsh. Aliens da
pesada escapam de prisão intergaláctica
e caem na Terra, em uma pequena
cidade do Kansas, dispostos a
transformá-la em um inferno.
Meia-Noite no Jardim do Bem e
do Mal
SBT, 3h45.
(Midnight in the Garden). EUA, 1997, 155
min. Direção: Clint Eastwood. Com Kevin
Spacey, John Cusack, Lady Chablis.
Jornalista de Nova York (Cusack) vai a
Savannah, Georgia, cobrir uma festa de
fim de ano do milionário Spacey. As
coisas mudam: como o milionário mata
seu amante, o jornalista permanece na
cidade para cobrir os acontecimentos.
Envolve-se com eles e, sobretudo, com a
estranha, mística, fantástica realidade
local. Outro triunfo de Clint, que só não
foi absoluto por não ter feito sucesso de
bilheteria. Mas é uma beleza.
(IA)
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