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MÚSICA DA BAHIA
Percussionistas gravam CD
Timbalada
canta alegria
dos pobres
SYLVIA COLOMBO
enviada especial a Salvador
"A Timbalada tá animada",
grita o timbaleiro.
"Tá animadinha", grita o povão, em resposta.
E Carlinhos Brown, seu mentor e
guru, acrescenta, em entrevista à
Folha: "Tá na hora de pobre parar
de chorar e gritar que quer andar
de conversível".
Para um público eminentemente
branco de cerca de 5.000 pessoas
em duas noites, a Timbalada gravou no último final de semana, no
Candyall Guetto Square, em Salvador, um disco ao vivo com seus
maiores sucessos.
A ser lançado em abril, o CD
quis registrar, a duas semanas do
Carnaval, a recepção por isso mais
calorosa do público aos hits do pelotão de batedores de lata.
Brown comandou a banda e os
convidados como um estrategista
de guerra. Mandou nos briguentos
de plantão da platéia, nos timbaleiros e até em Caetano Veloso,
convidado a saltitar com ele.
Veloso participou nas faixas
"Margarida Perfumada", "Tieta" e homenageou Brown com
"Meia Lua Inteira", do disco
"Estrangeiro", primeira música
do percussionista gravada por ele.
O disco conta ainda com a colaboração de Ivete Sangalo, que dividiu os vocais com Brown em
"Toque de Timbaleiro".
"Ah! Eu tô contente, eu vou pra
trás, eu vou pra frente", ao lado
de outros refrões fáceis como os de
"Água Mineral", "Meia Hora" e
"Camisinha" apoiaram-se nos
bons arranjos do conjunto de timbaus, guitarra, teclado e metais.
Algumas cenas das noites de gravação não devem compor o disco
-o que não significa exatamente
um prejuízo- como o balé dançado por Brown e Regina Casé e a
versão achincalhada de "Será"
perpetrada por Dado Villa-Lobos.
A Timbalada foi criada por
Brown em 89 no Candeal, bairro
pobre da capital baiana. Desde 96,
o Candeal ganhou o Candyall
Guetto Square, espaço idealizado
também por Brown que, além de
quadra de ensaio e shows, possui
oficinas, bares e restaurantes.
A jornalista Sylvia Colombo viajou a convite da
PolyGram.
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