São Paulo, sexta-feira, 12 de março de 2004

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RUÍDO

Levante "psicotrônico"

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL

O pop carioca se movimenta em torno de um novo selo, batizado Psicotrônica Audiovisual e liderado por Beni Borja, 43, membro fundador do Kid Abelha e produtor de extenso currículo na indústria fonográfica.
Borja chegou a se reunir com a Universal para discutir uma coligação, o que "serviu apenas para certificar a completa impossibilidade de qualquer pretensão artística num negócio com as majors". Um dos primeiros feitos da Psicotrônica é um ainda inédito manifesto contra os ditames do grande mercado.
O primeiro produto será a volta dos Picassos Falsos, "Novo Mundo". Ainda neste ano devem sair CDs/DVDs de Toni Platão, Cris Braun, Arícia Mess, Humberto Barros e da estreante Júlia Debasse, entre outros.
Borja se diz aberto à atual revoada de figurões das grandes gravadoras, mas impõe condições: "Só me interessarão figurões que aceitarem meu "modus operandi", sem jabá, presepadas ou expectativas milionárias".
O autodenominado "guru" do selo explicita o investimento: "Estou bancando com recursos da minha família esse início, que custará bem menos do que a instalação de uma padaria".

O NÃO-LANÇAMENTO

Entre 1927 e 1996, o samba da Bahia possuiu Tião Motorista. Ex-taxista, ele militou no samba desde a década de 50, mas só foi "descoberto" em 64, quando compôs em parceria com o carioca Jamelão "Quem Samba Fica" (que Elizeth Cardoso popularizou em 66). Gozou de breve surto de popularidade entre estrelas da MPB do início dos 70: Maria Bethânia gravou "Dia 4 de Dezembro", Wilson Simonal registrou "Na Galha do Cajueiro" e "Garoa Diferente" e Jair Rodrigues trovejou "Minha Roupa". Quase todas constaram do LP autoral "Samba e Talento" (70), em que Tião avisava que, além de motorista e compositor, também cantava samba arretado. Morou no limbo, morreu, está no limbo da EMI.

LÍDERES DA CRISE
O mercado musical em queda livre divulga só agora seus líderes em 2003. Segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD), os cinco discos mais vendidos do ano passado foram, em ordem decrescente: a trilha de "Mulheres Apaixonadas", "Pra Sempre" (de Roberto Carlos), "Xuxa Só para Baixinhos 4", "Zezé di Camargo e Luciano" e o CD de estréia de Maria Rita.

LÍDERES OCULTOS
Embora saiba a lista dos mais vendidos, a ABPD afirma que não sabe quanto cada um vendeu. A Som Livre não responde quantas "Mulheres Apaixonadas" circularam. A Sony, gravadora de Roberto Carlos, diz que "Pra Sempre" já chegou às 850 mil cópias.

LÍDERES ATRAPALHADOS
O CD de Roberto, no entanto, só tem certificado de 500 mil cópias vendidas, solicitado pela Sony à ABPD em 15 de dezembro passado (dez dias após o lançamento). Mistérios à parte, é cada vez mais distante a era dos milhões do rei e de seus súditos.

MAIS DOWNLOADS...
O site de venda de música virtual iMúsica celebra ter comercializado no início de 2004 um número de downloads 413% maior que no mesmo período de 2003. Mas os resultados continuam modestos: a média atual é de 10 mil downloads por mês.

...E ASSINATURAS
Resultado crescente, mas também ainda modesto é o do site Usina do Som, que não vende downloads, mas só audição de música via internet. O site, gratuito até há seis meses, cobra mensalidades de R$ 4,99 dos assinantes -que atualmente são 15 mil.

DVDS DE VOLTA
Foi revogada na quinta-feira passada a apreensão de DVDs dos Paralamas do Sucesso, por falta de acordo de pagamento de direitos autorais entre a EMI (gravadora) e a EMI (editora). O vice-presidente da primeira, Luiz Bannitz, contemporiza: "Essa briga é ruim. Todos nós temos de aproveitar todas as vendas ainda existentes". Ele lança nos próximos dias novo produto dos Paralamas, em quatro formatos simultâneos: CD simples, CD duplo, DVD e um híbrido CD-DVD.

psanches@folhasp.com.br


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