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RUÍDO
Levante "psicotrônico"
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL
O pop carioca se movimenta
em torno de um novo selo, batizado Psicotrônica Audiovisual e
liderado por Beni Borja, 43,
membro fundador do Kid Abelha e produtor de extenso currículo na indústria fonográfica.
Borja chegou a se reunir com a
Universal para discutir uma coligação, o que "serviu apenas para certificar a completa impossibilidade de qualquer pretensão
artística num negócio com as
majors". Um dos primeiros feitos da Psicotrônica é um ainda
inédito manifesto contra os ditames do grande mercado.
O primeiro produto será a volta dos Picassos Falsos, "Novo
Mundo". Ainda neste ano devem sair CDs/DVDs de Toni
Platão, Cris Braun, Arícia Mess,
Humberto Barros e da estreante
Júlia Debasse, entre outros.
Borja se diz aberto à atual revoada de figurões das grandes
gravadoras, mas impõe condições: "Só me interessarão figurões que aceitarem meu "modus
operandi", sem jabá, presepadas
ou expectativas milionárias".
O autodenominado "guru" do
selo explicita o investimento:
"Estou bancando com recursos
da minha família esse início, que
custará bem menos do que a
instalação de uma padaria".
O NÃO-LANÇAMENTO
Entre 1927 e 1996, o samba
da Bahia possuiu Tião Motorista. Ex-taxista, ele militou
no samba desde a década de
50, mas só foi "descoberto"
em 64, quando compôs em
parceria com o carioca Jamelão "Quem Samba Fica"
(que Elizeth Cardoso popularizou em 66). Gozou de
breve surto de popularidade
entre estrelas da MPB do início dos 70: Maria Bethânia
gravou "Dia 4 de Dezembro", Wilson Simonal registrou "Na Galha do Cajueiro"
e "Garoa Diferente" e Jair
Rodrigues trovejou "Minha
Roupa". Quase todas constaram do LP autoral "Samba
e Talento" (70), em que Tião
avisava que, além de motorista e compositor, também
cantava samba arretado.
Morou no limbo, morreu,
está no limbo da EMI.
LÍDERES DA CRISE
O mercado musical em
queda livre divulga só agora
seus líderes em 2003. Segundo
a Associação Brasileira dos
Produtores de Discos (ABPD),
os cinco discos mais vendidos
do ano passado foram, em
ordem decrescente: a trilha de
"Mulheres Apaixonadas", "Pra
Sempre" (de Roberto Carlos),
"Xuxa Só para Baixinhos 4",
"Zezé di Camargo e Luciano" e
o CD de estréia de Maria Rita.
LÍDERES OCULTOS
Embora saiba a lista dos mais
vendidos, a ABPD afirma que
não sabe quanto cada um
vendeu. A Som Livre não
responde quantas "Mulheres
Apaixonadas" circularam. A
Sony, gravadora de Roberto
Carlos, diz que "Pra Sempre" já
chegou às 850 mil cópias.
LÍDERES ATRAPALHADOS
O CD de Roberto, no
entanto, só tem certificado de
500 mil cópias vendidas,
solicitado pela Sony à ABPD
em 15 de dezembro passado
(dez dias após o lançamento).
Mistérios à parte, é cada vez
mais distante a era dos milhões
do rei e de seus súditos.
MAIS DOWNLOADS...
O site de venda de música
virtual iMúsica celebra ter
comercializado no início de
2004 um número de
downloads 413% maior que no
mesmo período de 2003. Mas
os resultados continuam
modestos: a média atual é de 10
mil downloads por mês.
...E ASSINATURAS
Resultado crescente, mas
também ainda modesto é o do
site Usina do Som, que não
vende downloads, mas só
audição de música via internet.
O site, gratuito até há seis
meses, cobra mensalidades de
R$ 4,99 dos assinantes -que
atualmente são 15 mil.
DVDS DE VOLTA
Foi revogada na quinta-feira
passada a apreensão de DVDs
dos Paralamas do Sucesso, por
falta de acordo de pagamento
de direitos autorais entre a EMI
(gravadora) e a EMI (editora).
O vice-presidente da primeira,
Luiz Bannitz, contemporiza:
"Essa briga é ruim. Todos nós
temos de aproveitar todas as
vendas ainda existentes". Ele
lança nos próximos dias novo
produto dos Paralamas, em
quatro formatos simultâneos:
CD simples, CD duplo, DVD e
um híbrido CD-DVD.
psanches@folhasp.com.br
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