São Paulo, quinta, 12 de março de 1998

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O abraço mortal

HELOÍSA SEIXAS

E agora? De onde brotará a seiva capaz de fecundar este coração marcado, esta alma vazia? Nada há em volta. Nada, senão o açoite do vento e do sol na pele, o torpor que paralisa o corpo, tornando a mente oca e estéril. Para que, então, seguir em frente, passo após passo, e atravessar as imensas areias da ampulheta que se derramaram, criando o deserto? Para quê?
Sabe que não conseguirá - que já não adianta tentar. O melhor é ficar aqui, não resistir mais. O melhor é entregar-se ao solo quente e receber, silente, o abraço mortal das areias eternas.



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