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LIVRO/LANÇAMENTO
Viagem entre o céu e o inferno
Jornalista narra suas aventuras e tragédias pelo universo das drogas e da contracultura
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DIEGO ASSIS
DA REDAÇÃO
"Se não pode viver como um astro de rock, pelo menos tente e viva como um roadie." Com essa
frase, o jornalista Chris Simunek,
33, encerra o seu "Paraíso na Fumaça", viagem -nos dois sentidos- que realizou pelo submundo das drogas a mando da "High
Times", tradicional revista maconheira dos EUA.
No roteiro de sua prosa, que segue a estrada de Jack Kerouac e
Hunter Thompson, há paradas
aparentemente tão díspares
quanto um encontro de motoqueiros no meio-oeste americano, uma reunião anual da Rainbow Family ou uma excursão de
garotos de colégio a Cancún.
Em entrevista por telefone, de
Nova York, Simunek falou à Folha sobre suas experiências. Umas
literárias, outras nem tanto.
Folha - O que exatamente você
faz na "High Times"?
Chris Simunek - Sou o editor de
cultivo da revista. Temos uma
sessão grande que ensina as pessoas a plantar maconha. Mas não
escrevo os artigos, apenas contato
os produtores e edito.
Folha - O que fez com que resolvesse trabalhar para a revista?
Simunek - Quando consegui esse
emprego eu já escrevia ficção.
Achei que escrever sobre as drogas, nos EUA, não seria nada
mau. De um lado você tem muitas
pessoas que sofrem de problemas
com o vício. De outro você tem a
polícia tomando o caminho errado para resolver essa questão.
Folha - Países europeus vêm optando pela descriminalização de algumas drogas...
Simunek - Não somos um país
progressista. Nossos políticos têm
medo de se aproximar muito do
assunto. Se disserem qualquer
coisa remotamente positiva em
relação à maconha ou à legalização das drogas, outros pulariam
nas suas costas e os acusariam de
viciados ou coisa que o valha. Nós
já vimos isso. A famosa frase do
Bill Clinton: "Eu não traguei".
Folha - Você defende a legalização das drogas no seu livro?
Simunek - Não quis escrever um
manifesto pela maconha. Já existem muitos desses por aí. Acho
que o espírito é mais o de um Kerouac, John Rechy ou Hunter
Thompson. Você tem uma experiência e tenta explicá-la de modo
a entreter o leitor e quem sabe até
instruí-lo com alguma coisa.
Folha - Você também usou drogas
enquanto escrevia?
Simunek - Em algumas partes
sim, mas não diria que estava chapado durante todo o processo.
Não existe nenhuma poção mágica que nos transforme em um Kerouac. Maconha ou anfetaminas
podem levá-lo a um outro estado
de consciência, mas ao mesmo
tempo podem arruinar tudo e fazer com que você só tenha vontade de assistir à TV ou algo do tipo.
Folha - Das histórias que conta,
de qual delas você gostou mais?
Simunek - Ter conhecido a Jamaica. Você sente um espectro
tão amplo de vida. Há pobreza e
criminalidade, mas, por outro lado, há essa iluminação quase religiosa dos rastafaris. A filosofia
rastafari de certo modo beneficia
a todos. Ame seu vizinho, viva e
deixe viver... Isso apesar de eu
quase ter sido assassinado lá!
Folha - Você nunca teve medo de
ir parar na cadeia?
Simunek - Sempre penso nisso.
Na melhor das chances, seria um
extremo inconveniente estar numa plantação de maconha e os
policiais chegarem. Eu provavelmente conseguiria sair dizendo
que sou jornalista, que não faço
parte daquilo, mas não seria nem
um pouco divertido.
Folha - Pretende continuar escrevendo sobre drogas?
Simunek - Definitivamente não.
Meu próximo livro, "No Easter", é
uma história hilária sobre um rapaz de 22 anos que só vê significado em sua vida quando Nova
York é atacada por um monstro
parecido com o Godzilla!
PARAÍSO NA FUMAÇA: VIAGENS DE
UM JORNALISTA DA HIGH TIMES. De:
Chris Simunek. Editora: Conrad. Quanto:
R$ 33 (192 págs.)
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