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SOPRO DE VIDA
Presidente diz que exposição "Pompéia", prometida para março passado, deve acontecer ainda em 2004
Masp cancela mostras e perde público
DA REPORTAGEM LOCAL
Em abril de 2003, o presidente
do Museu de Arte de São Paulo,
Júlio Neves, anunciava, em artigo
na Folha, o lançamento do Instituto Masp, uma variação das correntes de associação de amigos,
para agilizar a arrecadação de patrocínio para a instituição.
A proposta ainda não saiu do
papel. "Conseguimos criar o Instituto da Moda, que será no
Masp-Centro, mas ainda não registramos o Instituto Masp, pois
estamos nos adaptando às novas
regras das sociedades civis", afirma Neves, 71.
Enquanto isso, o museu se
aprofunda na crise em que se envolveu. O sinal mais visível é a diminuição de público. Em 2002, só
em três mostras o Masp recebeu
337 mil visitantes. No ano passado, segundo Neves, o museu acolheu cerca de 150 mil visitantes.
Para ele, os motivos são externos: "Os bancos criaram seus próprios institutos, e as mudanças
nas leis de incentivo, propostas
pelo governo federal, paralisaram
a obtenção de apoio".
Outro sintoma da crise é o cancelamento da mostra "Pompéia",
anunciada para 25 de março passado, prevista para ocorrer no
Masp e na Pinacoteca, com financiamento italiano. Segundo Marcelo Araújo, diretor da Pinacoteca, a exposição foi cancelada, mas
Neves garante que se trata de uma
prorrogação. "Estou fazendo tudo que é possível para trazer a exposição ainda neste ano."
No local onde seriam exibidos
os tesouros de Pompéia, foram
montadas duas mostras com
obras do acervo do Masp.
Para a Pinacoteca, que no ano
passado recebeu 430 mil visitantes, o cancelamento de "Pompéia" não provoca lacuna. Ainda
neste mês, o museu apresenta
"Tesouros de Etchmiadzin", com
peças litúrgicas do museu da Igreja Apostólica da Armênia, entre
elas uma que promete promover
uma procissão ao museu: uma
lança que teria atingido Cristo.
Mesmo em doações, a Pinacoteca conseguiu um grande feito. Recentemente, a Fundação Nemirovsky acertou um termo de comodato (empréstimo) de sua coleção, que reúne, entre outras
obras, "Antropofagia" (1928), de
Tarsila do Amaral, cujo valor ultrapassa US$ 1,5 milhão. A coleção será inaugurada em agosto,
na Estação Pinacoteca, a nova extensão do museu, no antigo Dops.
Para este ano, a Pinacoteca tem
programada mais de 40 mostras
temporárias, seis já inauguradas,
enquanto o Masp, que anunciou
nove, já não conseguiu viabilizar
três ("Pompéia", Frans Post e Ianelli). Hoje a Pinacoteca, que é
uma instituição pública estadual
que vive as dificuldades do setor
estatal, consegue ser mais dinâmica que o Masp, um museu privado, que teria, em tese, mais liberdade de ação.
(FCY)
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