São Paulo, domingo, 12 de abril de 2009

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"Pacto Sinistro", de Hitchcock, é o quinto clássico da Coleção Folha

DVD e livro sobre o filme chegam às bancas no próximo domingo, 19 de abril DA REPORTAGEM LOCAL

"Pacto Sinistro", o quinto volume da Coleção Folha Clássicos do Cinema -nas bancas a partir do próximo domingo, dia 19 de abril-, é o 14º longa-metragem do cineasta inglês Alfred Hitchcock em Hollywood e um de seus maiores sucessos.
Hitchcock foi para os EUA em 1940, contratado pelo produtor David O. Selznick -ainda embalado pelo sucesso de "...E o Vento Levou". Inicialmente, Selznick pensou no diretor para filmar a história do naufrágio do Titanic, mas mudou de ideia depois de conseguir comprar os direitos de adaptação de "Rebecca", romance de Daphne du Marier, que Hitchcock já havia tentado adaptar na Inglaterra, sem sucesso.
Onze anos depois, "Pacto Sinistro" marca o encontro de Hitchcock com outra grande autora de livros de suspense: Patricia Highsmith. Não foi por acaso que o diretor se encantou pela trama, que leu logo depois de filmar "Pavor nos Bastidores" (1950). A trama do livro é repleta de elementos perfeitos para o estilo único do cineasta.
Em "Pacto Sinistro", High- smith conta a história de Guy e Bruno, dois homens que se conhecem por acaso em uma viagem de trem. Guy conta para Bruno sua história, em tom de desabafo: a ex-mulher recusa-se a assinar o divórcio, e por isso ele não consegue oficializar seu relacionamento com Anne, filha de um senador. Bruno reclama de seu pai, que considera um estorvo. Aparentemente em tom de brincadeira, propõe que um se livre do problema do outro. Como não haverá motivos para os assassinatos, eles nunca seriam descobertos.

Highsmith furiosa
Sabendo que seu nome encareceria o projeto, Hitchcock, agora sob contrato da Warner, orientou que os direitos do livro fossem comprados sem revelar quem era o diretor.
Em pouco tempo, o contrato foi assinado por apenas US$ 750 -o que mais tarde deixaria Patricia Highsmith furiosa. O argumento de 65 páginas, escrito por um antigo colaborador, Whitfield Cook, ficou pronto rapidamente. Como era de costume, Hitchcock já tinha o filme na cabeça, mas ainda faltavam bons diálogos.
Começou então o processo de escrita do roteiro -um dos mais conturbados da carreira de Hitchcock, como explica com detalhes o livro que acompanha o DVD do filme nesse volume da coleção. Hitchcock queria contratar Dashiel Hammett para a tarefa, mas, por uma falha das secretárias da Warner, o encontro entre os dois não aconteceu. Quem entrou em seu lugar foi outro craque dos romances policiais que trabalhava para Hollywood, Raymond Chandler.
Mas Chandler se irritou com as tentativas de Hitchcock de controlar seu trabalho. Nas entrevistas que concedeu a Truffaut, o cineasta contou: "As coisas não andaram bem entre nós. Eu ficava sentado do lado dele procurando uma ideia e falava: "Por que não fazemos isso?", e ele respondia, "Bom, se você sabe o que precisa ser feito, para que precisa de mim?'". Depois de ver o segundo tratamento, o estúdio (a Warner) contratou Czenzi Ormonde, colaborador de Ben Hetch.
Esses contratempos fizeram com que Hitchcock começasse as filmagens ainda com o roteiro sendo escrito -algo muito raro na trajetória de um cineasta obcecado pelo controle.
Os contratempos, porém, não prejudicaram o filme, que traz algumas das sequências mais elogiadas do diretor.


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