São Paulo, domingo, 12 de abril de 2009

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"E24" é reality show em hospitais públicos de SP

Novo programa da Band estreia na próxima terça

LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

"Quero meu pai, quero meu pai!", grita uma dentista que acabou de capotar o carro em uma avenida da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo. Ela implora aos bombeiros para não ser colocada na maca e não ir de ambulância ao hospital.
A cena faz parte de "E24", que a Band estreia na terça-feira, às 22h15 (livre). Já no primeiro episódio, devem ir ao ar ainda os casos de um senhor de 99 anos que sofreu parada cardíaca e de um aposentado que enfiou uma faca no abdome para tentar se matar -no fim, todos ficaram bem e tiveram alta.
Estão previstos para este semestre entre 13 e 20 episódios, a depender da audiência.
Versão de original da Argentina, o programa acompanha atendimentos emergenciais em hospitais públicos da capital, além do resgate do Corpo de Bombeiros. Criado e realizado pela produtora argentina Cuatro Cabezas, a mesma do humorístico "CQC", "E24" já teve seis temporadas na Argentina, três na Espanha, duas no Chile e uma na Itália, sempre em instituições públicas.
Em São Paulo, está sendo gravado há dois meses no Instituto Dante Pazzanese e nos hospitais do Mandaqui e Pedreira, além dos casos atendidos por uma equipe de bombeiros. O acordo foi feito com secretarias do governo do Estado, que determinou onde as filmagens poderiam acontecer. A produtora tenta conseguir autorização para gravar em outros locais, principalmente no Hospital das Clínicas.
E é justamente nessa "parceria" inevitável com o governo que mora o principal problema de "E24": o programa acaba não tendo liberdade de fato para mostrar as mazelas da saúde pública. Ao contrário, nos três casos assistidos pela Folha o que se vê é sempre uma imagem positiva do atendimento e médicos transformados em heróis. A família do senhor de 99 anos, por exemplo, faz elogios rasgados ao Mandaqui ("Independentemente do que acontecer com meu avô, não tenho do que reclamar do hospital, dos médicos e enfermeiros").
Diretor de todas as versões do "reality", inclusive a brasileira, o argentino Mariano Feijoo, da Cuatro Cabezas, admite que o programa não tem como foco fazer uma denúncia dos problemas da saúde pública.
"Podemos eventualmente exibir alguma dificuldade, como a falta de lugar para um paciente dormir, mas tratamos de deixar uma mensagem positiva e focar o esforço dos médicos", diz Feijoo, que aproveitou para "elogiar" os hospitais paulistanos: "São melhores que os argentinos".


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