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"E24" é reality show em hospitais públicos de SP
Novo programa da Band estreia na próxima terça
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
"Quero meu pai, quero meu
pai!", grita uma dentista que
acabou de capotar o carro em
uma avenida da Barra Funda,
na zona oeste de São Paulo. Ela
implora aos bombeiros para
não ser colocada na maca e não
ir de ambulância ao hospital.
A cena faz parte de "E24",
que a Band estreia na terça-feira, às 22h15 (livre). Já no primeiro episódio, devem ir ao ar
ainda os casos de um senhor de
99 anos que sofreu parada cardíaca e de um aposentado que
enfiou uma faca no abdome para tentar se matar -no fim, todos ficaram bem e tiveram alta.
Estão previstos para este semestre entre 13 e 20 episódios,
a depender da audiência.
Versão de original da Argentina, o programa acompanha
atendimentos emergenciais
em hospitais públicos da capital, além do resgate do Corpo de
Bombeiros. Criado e realizado
pela produtora argentina Cuatro Cabezas, a mesma do humorístico "CQC", "E24" já teve
seis temporadas na Argentina,
três na Espanha, duas no Chile
e uma na Itália, sempre em instituições públicas.
Em São Paulo, está sendo
gravado há dois meses no Instituto Dante Pazzanese e nos
hospitais do Mandaqui e Pedreira, além dos casos atendidos por uma equipe de bombeiros. O acordo foi feito com secretarias do governo do Estado,
que determinou onde as filmagens poderiam acontecer. A
produtora tenta conseguir autorização para gravar em outros locais, principalmente no
Hospital das Clínicas.
E é justamente nessa "parceria" inevitável com o governo
que mora o principal problema
de "E24": o programa acaba
não tendo liberdade de fato para mostrar as mazelas da saúde
pública. Ao contrário, nos três
casos assistidos pela Folha o
que se vê é sempre uma imagem positiva do atendimento e
médicos transformados em heróis. A família do senhor de 99
anos, por exemplo, faz elogios
rasgados ao Mandaqui ("Independentemente do que acontecer com meu avô, não tenho do
que reclamar do hospital, dos
médicos e enfermeiros").
Diretor de todas as versões
do "reality", inclusive a brasileira, o argentino Mariano Feijoo, da Cuatro Cabezas, admite
que o programa não tem como
foco fazer uma denúncia dos
problemas da saúde pública.
"Podemos eventualmente
exibir alguma dificuldade, como a falta de lugar para um paciente dormir, mas tratamos de
deixar uma mensagem positiva
e focar o esforço dos médicos",
diz Feijoo, que aproveitou para
"elogiar" os hospitais paulistanos: "São melhores que os argentinos".
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