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TELEVISÃO
"Zorra Total" é pouco riso e sem siso
TELMO MARTINO
Colunista da Folha
"Casseta Planeta" à parte, o
humor na televisão sofre a eterna
opção entre a pedra lascada e a
polida. Com a vitória sempre
mais previsível da lascada.
Regina Casé acabou de aprender isso. O humor lascado de "A
Praça é Nossa" mostrou-lhe que
"Muvuca" tinha um "u" a menos
para encarar a noite de sábado.
Na tranquilidade das quintas-feiras tem o "Zorra Total", que faz
rir uma platéia de empréstimo.
Numa abertura totalmente independente do programa, Lima
Duarte tenta se humanizar como
um humilde funcionário de um
grande milionário, que lhe confia
pequenas tarefas de ordem pessoal. Excessivamente pessoal para
um sorriso. Ou lágrima. Não se
sabe o que ele queria.
Esse intrometido tom chapliniano foi cortado pela Cláudia Gimenez, ao telefone agora e sempre
como a Bina, aquela personagem
que tomou o elevador para o
Olimpo da Rede Globo. Pode ser
livremente maçante como uma
imperatriz. Os submissos condicionados acham graça naquela
madame que não larga o telefone
nem para socorrer o menino que
resolve brincar com uma cobra. O
único problema de mulher nova-rica é ver seu telefone não dar linha. Humor para deliciar as empregadas domésticas. E mais ninguém.
Ainda não foi dessa vez que lhe
deram um personagem à altura
de seu talento. Mas Agildo Ribeiro faz o que pode para arrancar
lágrimas de sua empregada que
usa a ponta da saia como lenço.
Pior sofrimento é o do poderoso
Alexandre Pires, às voltas com o
Alberto Roberto, ainda a maior
inveja do dr. Frankenstein.
Andrea Beltrão até que é bem
vinda depois de tanto horror, com
sua pontual tensão pré-menstrual. Nessa tensão, ela se compadece dos bichinhos que morrem
para virar tudo que é patê nas festas da moda. Não consegue retirar a graça da situação. Ninguém
conseguiria.
Muito mais tempo deram a Denise Fraga, na moça feia que quer
viver as experiências de uma amiga bonita. Tudo piercings e suas
previsíveis consequências. O previsível sempre foi o maior inimigo
do humor. O pior que ele resolveu
ser o vírus que ataca tudo o que
"Zorra Total" mostra para fazer
rir.
Renato Aragão não ajuda. O inferno dele nunca serão os outros.
Será sempre o Didi. Danielle Winnits se afastou de uma fase de
prestígio e se mostrou descartável.
Como a carta marcada de sempre, a "Escolinha do Professor
Raimundo" está incluída. Nunca
revista, mas -oh, céus- finalmente abreviada. O professor
Raimundo é o único cômico tranquilo. Tem nos alunos uma claque
garantida. Um deles foi sucinto:
"Dá-se a César o que é de César e a
Raymundo Nonato o que é de
Raymundo Nonato". Diante de
uma pergunta boba até a Dona
Bela se lamentou ter se matriculado numa "sex school". Não se riu
de mais nada. Pouco riso. Dane-se
o siso.
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