São Paulo, segunda, 12 de maio de 1997.



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CRÍTICA "Bebadosamba" é clássico


LUIZ ANTÔNIO RYFF
da Reportagem Local

O espetáculo "Bebadosamba", de Paulinho da Viola, é a confirmação do óbvio. Em primeiro lugar, relembra que Paulinho é o maior sambista do país. Em segundo, evidencia que o disco homônimo, lançado no final do ano passado, já nasceu clássico.
É quando Paulinho canta músicas como "Ame" e "Timoneiro", na segunda metade do show, que o espetáculo ganha mais brilho.
E a disputa é árdua. Afinal, o roteiro abre espaço para composições de Lupicínio Rodrigues, Nélson Cavaquinho, Cartola, Noel Rosa, Wilson Batista, Orestes Barbosa, Ismael Silva, Ataulfo Alves, Zé Kéti, Paulo da Portela, Candeia e Aldir Blanc, entre outros.
Em 1h40 de espetáculo, o cantor desfia 40 pérolas, como "Foi Um Rio Que Passou Em Minha Vida", sozinho ao violão, e "Triste Cuíca", de Noel, com violão e cuíca.
Em alguns momentos, brinda o público com comentários sobre as músicas, como em "As Rosas Não Falam", de Cartola, que ele, emocionado, ouviu em primeira mão e passou anos sem conseguir tocar.
O show é dividido em seis blocos não muito rígidos. No primeiro, "Bebadopassado", e no terceiro, "Bebadosoutros", Paulinho apresenta sambas de outros compositores, como "Sei Que É Covardia", de Ataulfo Alves, e "Mulato Calado", de Wilson Batista.
"Bebadasfases", segunda parte, traz músicas gravadas por ele no passado, como "Onde A Dor Não Tem Razão". No quarto bloco, mostra as músicas de "Bebadosamba" e, lamentavelmente, deixa de fora "Reverso da Paixão".
Com o show já ganho, é a vez de Paulinho tocar quatro de seus maiores clássicos: "Dança da Solidão", "Coração Leviano", "Argumento" e "Quando Bate Uma Saudade".
"Timoneiro" e "Bebadosamba" fecham o show, que só não é impecável por que Paulinho teve que driblar alguns obstáculos, como problemas no som do Tom Brasil -habitualmente satisfatório.
Mas as notas dissonantes do espetáculo foram emitidas por parte da platéia. Gritos como "Quebra tudo Paulinho" deveriam ser guardados para grupos de death metal.
Os gritos -de "lindo" e que tais- o constrangem a ponto dele fingir que não ouve o óbvio. Prefere disfarçar. "É a Lila (sua mulher) que está na platéia", brinca.

Show: Bebadosamba
Artista: Paulinho da Viola
Onde: Tom Brasil (r. Olimpíadas, 66, Vila Olímpia, tel. 011/820-2326) Quando: sexta e sábado, às 22h, domingo, às 20h Quanto: de R$ 20 a R$ 40



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