São Paulo, sábado, 12 de maio de 2007

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Para Calil, banda não incitou violência

Secretário da Cultura, que estava no show, na Sé, diz que atraso dos Racionais para subir ao palco acentuou tensão

Produtor responsável pelo espetáculo diz que apresentação não começou antes porque a programação "corria bem"


SYLVIA COLOMBO
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Para o secretário da Cultura de São Paulo, Carlos Augusto Calil, a confusão e o quebra-quebra ocorridos na madrugada do último domingo, durante show dos Racionais MC's, na praça da Sé, foram resultado de uma tensão que antecedeu a entrada da banda no palco e que foi agravada pelo atraso dos músicos para dar início à apresentação.
Para Calil, Mano Brown e sua turma não estimularam o público a reagir. "Havia uma certa agitação que me parecia normal, mas que, ao mesmo tempo, não tinha nada a ver com o espetáculo", disse à Folha.
A atração fazia parte da 3ª Virada Cultural, promovida pela Prefeitura de São Paulo. Programado para começar às 3h do dia 6, o show teve início apenas às 4h30. Meia hora depois, teve de ser interrompido devido a um conflito violento entre o público e a PM.
Amanhã, a Prefeitura de São Paulo realiza, na mesma praça da Sé, a Festa da Virada, um show de desagravo, com sete bandas, a partir das 15h.

Inquietação
O secretário contou que chegou na praça por volta das 4h, enquanto acontecia a apresentação do DJ Premier, uma das atrações convidadas dos Racionais. "Foi um show longo, arrastado, mesmo sabendo falar inglês, não dava para entender direito o que o sujeito dizia, e imagino que quem não sabia ficou ainda menos interessado".
Para Calil, a expectativa do público para que a banda subisse logo ao palco começou a se transformar em inquietação. Alguns meninos pularam a grade para entrar no setor reservado do público. "A segurança ia tirando um por um, mas logo o número foi aumentando."
O secretário critica Mano Brown e sua turma pela demora em começar o show, mas não acredita que tenham sido as letras das músicas da banda as responsáveis pela confusão.
"O público dos Racionais já conhece as letras, canta junto. A violência não ia começar por causa delas. Foi o atraso que complicou as coisas", diz.
Os Racionais MC's, que têm no histórico uma tradição de atrasos em suas apresentações, foram multados pela prefeitura por desrespeitar o horário previsto para esse show.
Procurados pela Folha desde domingo, os Racionais não quiseram se pronunciar. O produtor e empresário Primo Preto, responsável pela programação de rap do palco da Sé, disse que a banda não entrou antes no palco porque "a programação estava correndo muito bem, o público estava gostando."
O produtor conta que, durante o show, "o grupo pediu calma. Quando parecia que estava tudo resolvido, começou uma chuva de bomba de efeito moral". Primo Preto faz referência também ao fato de a polícia ter tirado à força algumas pessoas que estavam em cima de uma banca de jornal, que depois foi depredada. "Durante os shows havia gente dançando em cima da banca. Só no dos Racionais é que a polícia resolveu tirar os moleques de lá."
Calil concorda que foi um erro marcar o show de uma banda como os Racionais para aquele local e horário, mas que é difícil responsabilizar pessoas pelo incidente. "O que sei é que vi pessoas alegres, famílias, amigos, redescobrindo a cidade, e é essa a boa lembrança que deve ficar."


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