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Para Calil, banda não incitou violência
Secretário da Cultura, que estava no show, na Sé, diz que atraso dos Racionais para subir ao palco acentuou tensão
Produtor responsável pelo espetáculo diz que apresentação não começou
antes porque a programação "corria bem"
SYLVIA COLOMBO
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Para o secretário da Cultura
de São Paulo, Carlos Augusto
Calil, a confusão e o quebra-quebra ocorridos na madrugada do último domingo, durante
show dos Racionais MC's, na
praça da Sé, foram resultado de
uma tensão que antecedeu a
entrada da banda no palco e
que foi agravada pelo atraso
dos músicos para dar início à
apresentação.
Para Calil, Mano Brown e sua
turma não estimularam o público a reagir. "Havia uma certa
agitação que me parecia normal, mas que, ao mesmo tempo, não tinha nada a ver com o
espetáculo", disse à Folha.
A atração fazia parte da 3ª
Virada Cultural, promovida pela Prefeitura de São Paulo. Programado para começar às 3h do
dia 6, o show teve início apenas
às 4h30. Meia hora depois, teve
de ser interrompido devido a
um conflito violento entre o
público e a PM.
Amanhã, a Prefeitura de São
Paulo realiza, na mesma praça
da Sé, a Festa da Virada, um
show de desagravo, com sete
bandas, a partir das 15h.
Inquietação
O secretário contou que chegou na praça por volta das 4h,
enquanto acontecia a apresentação do DJ Premier, uma das
atrações convidadas dos Racionais. "Foi um show longo, arrastado, mesmo sabendo falar
inglês, não dava para entender
direito o que o sujeito dizia, e
imagino que quem não sabia ficou ainda menos interessado".
Para Calil, a expectativa do
público para que a banda subisse logo ao palco começou a se
transformar em inquietação.
Alguns meninos pularam a grade para entrar no setor reservado do público. "A segurança ia
tirando um por um, mas logo o
número foi aumentando."
O secretário critica Mano
Brown e sua turma pela demora em começar o show, mas não
acredita que tenham sido as letras das músicas da banda as
responsáveis pela confusão.
"O público dos Racionais já
conhece as letras, canta junto.
A violência não ia começar por
causa delas. Foi o atraso que
complicou as coisas", diz.
Os Racionais MC's, que têm
no histórico uma tradição de
atrasos em suas apresentações,
foram multados pela prefeitura
por desrespeitar o horário previsto para esse show.
Procurados pela Folha desde
domingo, os Racionais não quiseram se pronunciar. O produtor e empresário Primo Preto,
responsável pela programação
de rap do palco da Sé, disse que
a banda não entrou antes no
palco porque "a programação
estava correndo muito bem, o
público estava gostando."
O produtor conta que, durante o show, "o grupo pediu
calma. Quando parecia que estava tudo resolvido, começou
uma chuva de bomba de efeito
moral". Primo Preto faz referência também ao fato de a polícia ter tirado à força algumas
pessoas que estavam em cima
de uma banca de jornal, que depois foi depredada. "Durante
os shows havia gente dançando
em cima da banca. Só no dos
Racionais é que a polícia resolveu tirar os moleques de lá."
Calil concorda que foi um erro marcar o show de uma banda como os Racionais para
aquele local e horário, mas que
é difícil responsabilizar pessoas pelo incidente. "O que sei
é que vi pessoas alegres, famílias, amigos, redescobrindo a
cidade, e é essa a boa lembrança que deve ficar."
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