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MÚSICA
A cantora norte-americana volta feminista em "Sisters of Avalon"; canção título é "um rito de passagem"
'Quero dar poder às mulheres', diz Lauper
Otávio Dias de Oliveira/Folha Imagem
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A cantora norte-americana Cindy Lauper, que lançou "Sisters of Avalon", disco com temática feminista
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da Reportagem Local
Cindy Lauper tem um gato preto.
Sua parceira só usa roupas negras e
colocou no filho o nome Merlin.
Seu último disco, "Sisters of Avalon", foi gravado num bosque,
"sob a energia das árvores". Mas
ela jura que é tudo uma grande
coincidência.
"Eu não pensei em Avalon, em
rei Arthur, não sou inglesa (risos).
Venho de New York, de uma família de italianos", afirmou à Folha,
por telefone, de seu apartamento
em Manhattan.
A cantora, que teve o auge na
new wave dos anos 80 -vide o hit
"Girls Just Want to Have Fun"-
agora abre os shows de outra veterana, Tina Turner, nos EUA.
Feminista declarada, Lauper se
alterna na convicção de que é herdeira das bruxas medievais, queimadas apenas por exercerem sua
liderança, e na negação a todo custo de fazer música engajada.
"Quero só que as pessoas ouçam
meu disco", diz, enquanto tenta
afastar Nick, o gato preto, de seu
almoço. A seguir, trechos da entrevista.
Folha - Qual a diferença de "Sister of Avalon" para seus outros
trabalhos?
Cindy Lauper- Esse é meu trabalho mais coeso. Eu compus com
apenas mais uma pessoa da minha
banda ou então sozinha, não soa
como vários pedaços desconectados. O germe da idéia veio do trabalho em "Hat Full of Stars".
Folha - Você traz influências de
várias partes do mundo para esse
trabalho. Como o define?
Lauper - Minha partner é uma
tecladista e nós sempre usamos
elementos eletrônicos, especialmente sons sintetizados. Mas como trabalhamos como um time,
eu gosto de adicionar coisas acústicas, como violinos, a caixa de
música do Tennessee, acordeão
etc, porque, para mim, isso traz
cor para o trabalho.
Folha - Você é uma feminista?
LauperAbsolutamente. A única
maneira de mudar as coisas, é mudá-las no seu próprio mundo. Direitos femininos são muito importantes para mim. Mas são anos e
anos de preconceito.
Folha - Qual é a importância de
colocar essas posições no seu trabalho?
Lauper - O que eu realmente
quero fazer é sobre as pessoas e a
vida real que eu vejo. Quero escrever canções que dêem poder para
mulheres, como "Sisters of Avalon". É uma canção que é um rito
de passagem para as mulheres.
Folha - Como chegou a esse nome para o disco?
Lauper - Jane tem um filho chamado Merlin, e ela se veste de preto o tempo todo, e o marido dela
comprou esse livro "21 Rules of
Merlin" e no livro havia as "Sisters
of Avalon", mulheres que se vestem de preto e elas eram as curandeiras, líderes naturais. Ela estava
me contando isso e Jane usa preto
o tempo todo e nós começamos a
rir e eu pensei: "Sisters of Avalon", esse é um grande nome. Meu
agente também gostou.
Folha - Mas, pessoalmente, você
é ligada nessa mitologia?
Lauper - Nesse momento, eu
estava lendo "The Mist of Avalon". Mas a canção não tem nada a
ver com o livro.
Folha - Vocês gravaram num bosque, foi intencional?
Lauper - Nós gravamos na floresta, a energia vinha daí, mas não
foi intencional, foi no espírito da
música.
Folha - Foi uma coincidência?
Lauper - Mas eu gosto do bosque. Sim, foi uma coincidência.
Sabe, essas mulheres eram, na idade média, quando a igreja católica
na Inglaterra, eles queimaram
muitas mulheres, como se elas fossem bruxas, mas essas mulheres,
eram normalmente, as que tinham
outra religião lá. Elas eram as líderes espirituais e the curandeiras.
Folha - Você se considera diretamente ligada a isso?
Lauper - Sim, com certeza. Esse
é o único período em que as mulheres tinham poder na sociedade.
É uma sociedade onde homem e
mulheres viviam juntos. E isso foi
tirado de nós. Não nos conhecemos, não conhecemos nossa herança. Não sabemos quem somos.
(PATRICIA DECIA)
Disco: Sisters of Avalon
Artista: Cindy Lauper
Lançamento: Sony
Preço: R$ 18,00 (o CD, em média)
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