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DOCUMENTÁRIO
Série flerta com o lado científico do amor
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REDAÇÃO
Os enamorados irritam os cínicos pela sua cafonice e previsibilidade. Em grande parte, aquilo conhecido como amor é apenas
uma maquinação biológica para a
propagação da espécie. Claro que
essas hipotéticas definições não
pretendem desmerecer os casais
que lotarão os motéis e restaurantes neste Dia dos Namorados.
Mas essa seria a visão da paixão
e dos mitos românticos se a única
referência fosse a série de documentários "A Ciência do Amor",
co-produção inglesa, canadense e
norte-americana que o National
Geographic Channel começa a
exibir hoje.
Há aqui uma tentativa louvável
de explicar, didaticamente, como
em uma aula de biologia, o que
ocorre no corpo humano quando
as pessoas se apaixonam. Mas, ao
ser exibido na TV brasileira, toda
a pompa de seriedade e o olhar
sóbrio da ciência, tão típicos do
canal, desabam.
Especialistas e PhDs em estudos
do cérebro aparecem falando
com uma dublagem típica de canais de televendas. Não bastasse o
problema, que prejudica todo o
andamento do programa, há as
inverossímeis atuações de atores
que simulam as fases conhecidas
dos enlaces -flertes, sexo, discussões- para que a narradora e
os doutores falem sobre o tema.
Ou tudo seria intencionalmente
cafona -como o amor?
Quem superar os cinco minutos
iniciais do primeiro episódio, "À
Primeira Vista", e não cair na risada, tem uma ótima oportunidade
para entender como a dopamina
age no cérebro -esta a verdadeira responsável pela sensação de
entorpecimento dos apaixonados. Tudo é explicado enquanto
um concentrado professor manipula um cérebro dissecado.
A série também reúne relatos de
casais contando como se conheceram e a definição para expressões como "olhar copulatório".
"Se você olha nos olhos de alguém
durante dois ou três segundos, essa outra pessoa tem que fazer alguma coisa", explica a narradora.
Em seguida, ainda hoje, o canal
exibe o segundo episódio, "A Química do Amor", esse mais centrado em temas como ciúme excessivo, depressão causada pela rejeição e poligamia.
A CIÊNCIA DO AMOR. Quando: hoje, às
22h, no canal National Geographic.
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