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São Paulo, quinta-feira, 12 de junho de 2003

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DOCUMENTÁRIO

Série flerta com o lado científico do amor

BRUNO YUTAKA SAITO
DA REDAÇÃO

Os enamorados irritam os cínicos pela sua cafonice e previsibilidade. Em grande parte, aquilo conhecido como amor é apenas uma maquinação biológica para a propagação da espécie. Claro que essas hipotéticas definições não pretendem desmerecer os casais que lotarão os motéis e restaurantes neste Dia dos Namorados.
Mas essa seria a visão da paixão e dos mitos românticos se a única referência fosse a série de documentários "A Ciência do Amor", co-produção inglesa, canadense e norte-americana que o National Geographic Channel começa a exibir hoje.
Há aqui uma tentativa louvável de explicar, didaticamente, como em uma aula de biologia, o que ocorre no corpo humano quando as pessoas se apaixonam. Mas, ao ser exibido na TV brasileira, toda a pompa de seriedade e o olhar sóbrio da ciência, tão típicos do canal, desabam.
Especialistas e PhDs em estudos do cérebro aparecem falando com uma dublagem típica de canais de televendas. Não bastasse o problema, que prejudica todo o andamento do programa, há as inverossímeis atuações de atores que simulam as fases conhecidas dos enlaces -flertes, sexo, discussões- para que a narradora e os doutores falem sobre o tema. Ou tudo seria intencionalmente cafona -como o amor?
Quem superar os cinco minutos iniciais do primeiro episódio, "À Primeira Vista", e não cair na risada, tem uma ótima oportunidade para entender como a dopamina age no cérebro -esta a verdadeira responsável pela sensação de entorpecimento dos apaixonados. Tudo é explicado enquanto um concentrado professor manipula um cérebro dissecado.
A série também reúne relatos de casais contando como se conheceram e a definição para expressões como "olhar copulatório". "Se você olha nos olhos de alguém durante dois ou três segundos, essa outra pessoa tem que fazer alguma coisa", explica a narradora. Em seguida, ainda hoje, o canal exibe o segundo episódio, "A Química do Amor", esse mais centrado em temas como ciúme excessivo, depressão causada pela rejeição e poligamia.


A CIÊNCIA DO AMOR. Quando: hoje, às 22h, no canal National Geographic.


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