São Paulo, domingo, 12 de junho de 2005

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Em vez de gibi, Nolan adapta "graphic novel"

DO ENVIADO ESPECIAL A LOS ANGELES

"Por que ninguém nunca fez isso antes?", perguntou-se o ator Christian Bale anos atrás quando folheava a "graphic novel" "Asilo Arkham", uma das histórias mais perturbadoras de Batman, escrita por Grant Morrison e ilustrada por Dave McKean em 1989.
Fazer "isso", no caso, significava interpretar o herói da DC Comics não como uma caricatura de si mesmo, reforçada pelas sucessivas reinvenções que Batman sofreu ao longo de suas seis décadas de existência, mas como um personagem demasiado humano, com sérios problemas psicológicos provocados pelo assassinato de seus pais quando criança.
É justamente essa humanidade de Batman/Bruce Wayne que "Batman Begins" transporta para as telas de cinema. A rigor, não são as histórias em quadrinhos ou os gibis de Batman que estão sendo adaptados, mas as "graphic novels", histórias com uma abordagem mais adulta, ou, se preferir, realista do personagem.
Uma das principais fontes de inspiração para Christopher Nolan e o roteirista David S. Goyer (de "Blade", "Flash", entre outros) é a "graphic novel" "Ano Um", de Frank Miller e David Mazzuchelli. Na história, bem como em "Begins", vemos um jovem e ainda confuso Bruce Wayne treinando para começar a combater o crime em Gotham.
Desde sua criação, em 1939, por Bob Kane, os fãs sempre tomaram por certas as habilidades de Wayne como um mestre das artes marciais, por exemplo.
"Begins" explica como ele chegou até lá -o que envolve um treinamento no Oriente com Ra's Al Ghul (Ken Watanabe) e Henri Ducard (Liam Neeson).
O filme introduz também um vilão que permanecia inédito na carreira cinematográfica do herói -o diretor do sanatório Arkham, doutor Jonathan Crane (Cillian Murphy), vulgo Espantalho- e, nas entrelinhas, deixa espaço para outros em futuras continuações.
Com a mesma força que procura oferecer os subsídios formais para entender a origem de Batman, Nolan promove um mergulho denso na própria "loucura" de Bruce Wayne. Um dos aspectos mais marcantes de "Begins" é o dilema do herói entre consumar sua vingança pessoal ou fazer algo que contribua para uma justiça mais duradoura em Gotham.
Para evitar que escolha o "lado negro da força", numa analogia ao verdadeiro inimigo de "Batman Begins" nas bilheterias daqui por diante, Bruce Wayne terá ao seu lado a promotora e amiga de infância Rachel Dawes (Katie Holmes), o cientista e cúmplice Lucius Fox (Morgan Freeman), o policial honesto James Gordon (Gary Oldman) e o sempre fiel escudeiro Alfred Pennyworth (Michael Caine). (DA)


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