|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Em vez de gibi, Nolan adapta "graphic novel"
DO ENVIADO ESPECIAL A LOS ANGELES
"Por que ninguém nunca fez isso antes?", perguntou-se o ator
Christian Bale anos atrás quando
folheava a "graphic novel" "Asilo
Arkham", uma das histórias mais
perturbadoras de Batman, escrita
por Grant Morrison e ilustrada
por Dave McKean em 1989.
Fazer "isso", no caso, significava
interpretar o herói da DC Comics
não como uma caricatura de si
mesmo, reforçada pelas sucessivas reinvenções que Batman sofreu ao longo de suas seis décadas
de existência, mas como um personagem demasiado humano,
com sérios problemas psicológicos provocados pelo assassinato
de seus pais quando criança.
É justamente essa humanidade
de Batman/Bruce Wayne que
"Batman Begins" transporta para
as telas de cinema. A rigor, não
são as histórias em quadrinhos ou
os gibis de Batman que estão sendo adaptados, mas as "graphic
novels", histórias com uma abordagem mais adulta, ou, se preferir, realista do personagem.
Uma das principais fontes de
inspiração para Christopher Nolan e o roteirista David S. Goyer
(de "Blade", "Flash", entre outros) é a "graphic novel" "Ano
Um", de Frank Miller e David
Mazzuchelli. Na história, bem como em "Begins", vemos um jovem e ainda confuso Bruce Wayne treinando para começar a
combater o crime em Gotham.
Desde sua criação, em 1939, por
Bob Kane, os fãs sempre tomaram por certas as habilidades de
Wayne como um mestre das artes
marciais, por exemplo.
"Begins" explica como ele chegou até lá -o que envolve um
treinamento no Oriente com Ra's
Al Ghul (Ken Watanabe) e Henri
Ducard (Liam Neeson).
O filme introduz também um
vilão que permanecia inédito na
carreira cinematográfica do herói
-o diretor do sanatório Arkham,
doutor Jonathan Crane (Cillian
Murphy), vulgo Espantalho- e,
nas entrelinhas, deixa espaço para
outros em futuras continuações.
Com a mesma força que procura oferecer os subsídios formais
para entender a origem de Batman, Nolan promove um mergulho denso na própria "loucura" de
Bruce Wayne. Um dos aspectos
mais marcantes de "Begins" é o
dilema do herói entre consumar
sua vingança pessoal ou fazer algo
que contribua para uma justiça
mais duradoura em Gotham.
Para evitar que escolha o "lado
negro da força", numa analogia
ao verdadeiro inimigo de "Batman Begins" nas bilheterias daqui
por diante, Bruce Wayne terá ao
seu lado a promotora e amiga de
infância Rachel Dawes (Katie
Holmes), o cientista e cúmplice
Lucius Fox (Morgan Freeman), o
policial honesto James Gordon
(Gary Oldman) e o sempre fiel escudeiro Alfred Pennyworth (Michael Caine).
(DA)
Texto Anterior: Ascensão e queda Próximo Texto: Novelas da semana Índice
|