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Foo Fighters
Com os (aclamados) novos CDs nas lojas, incluindo as brasileiras,
a banda americana Foo Fighters e a inglesa Supergrass saem em
turnê conjunta pelos EUA; mas antes falam à Folha
Fala, Dave!
LÚCIO RIBEIRO
Editor-assistente da Ilustrada
Se for levado em conta o que Dave Grohl fala, o recém-lançado
"The Colour and the Shape", o
segundo CD do Foo Fighters, não é
o segundo CD do Foo Fighters.
O ex-Nirvana acha que o CD anterior, "Foo Fighters" (1995), que
foi gravado apenas por Grohl, e
não por uma banda de verdade, é
uma grande demotape.
De Londres, no final da temporada de shows do Foo Fighters pelo
Reino Unido, Dave Grohl concedeu entrevista à Folha, por fax.
A banda agora ruma para os
EUA, onde inicia a turnê americana com o Supergrass (do inglês
Gaz Coombes, aí do texto ao lado).
Folha - Como você compara esse
esperado segundo álbum do Foo
Fighters ao primeiro, que você gravou sozinho, tocando guitarra, baixo, bateria, além dos vocais?
Dave Grohl - Nós consideramos o novo álbum, "The Colour
and the Shape", nosso primeiro
disco "oficial", já que ele foi gravado por uma banda de verdade.
Enquanto o primeiro CD foi feito
em uma semana e gravado por
uma pessoa só, o último começou
a ser preparado em 1995, ensaiado
bastante, durante o ano e meio que
ficamos em turnê.
Folha - "The Colour and the Shape" está menos cru, menos punk
que o anterior, você não acha?
Grohl - Acho "The Colour..."
mais denso sonoramente, mais
profundo. Quando você compõe e
grava um disco com uma banda,
cada membro pega as canções e
tenta destacar mais sua parte, seu
instrumento, o que ajudou a fazer
do disco um trabalho muito mais
dinâmico e poderoso que o primeiro. Para resumir: primeiro CD
igual cinco dias; segundo CD igual
três meses. O primeiro CD é na
verdade uma demotape.
Folha - Uma série de coisas transformou sua vida nos últimos anos:
a morte de Kurt Cobain, seu recente divórcio... É isso que está nas letras do novo álbum?
Grohl - As letras do disco foram
escritas pouco tempo antes das
gravações. Tudo que aconteceu
era muito forte para mim na época, como é ainda hoje. Tudo o que
tinha ocorrido nos últimos meses
escorreu para o papel.
Às vezes é mais fácil escrever sobre coisas que significam algo a
você do que sobre assuntos de absolutos nonsense.
Folha - Você volta à velha bateria
no álbum, já que o baterista William Goldsmith deixou o Foo Fighters em março, depois das gravações? Fala-se nos bastidores do
rock que você interferia bastante
no jeito dele tocar. Isso é verdade?
Grohl - Eu realmente toco bateria no álbum. A razão é: nós começamos a gravar o disco em Seattle,
em novembro, só dois meses depois de acabar a longa turnê. William é um excelente baterista...
Estávamos gravando coisas de
um jeito que nenhum de nós tínhamos experimentado antes,
com bastante atenção a detalhes.
Passamos por uma crise e decidimos parar tudo e ir para Los Angeles, buscar um outro clima para
gravar, uma pegada totalmente diferente. Então eu toquei bateria em
alguns momentos, refizemos algumas canções. E funcionou. Depois
que terminamos o disco, William
decidiu que queria ir para casa e
tocar com outras pessoas.
Folha - A imprensa musical, principalmente a britânica, diz que,
com "The Colour...", o Foo Fighters vai confirmar o título da "última grande banda americana de
rock". Você vê assim?
Grohl - Eu tenho certeza, e espero muito, que não. Há centenas
de garotos por toda a América fazendo discos que serão hits daqui a
um ano ou dois. Acho meio ridículo dizer que uma banda será a "última grande qualquer coisa".
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