São Paulo, quinta, 12 de junho de 1997.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Foo Fighters

Com os (aclamados) novos CDs nas lojas, incluindo as brasileiras, a banda americana Foo Fighters e a inglesa Supergrass saem em turnê conjunta pelos EUA; mas antes falam à Folha


Fala, Dave!

LÚCIO RIBEIRO
Editor-assistente da Ilustrada

Se for levado em conta o que Dave Grohl fala, o recém-lançado "The Colour and the Shape", o segundo CD do Foo Fighters, não é o segundo CD do Foo Fighters.
O ex-Nirvana acha que o CD anterior, "Foo Fighters" (1995), que foi gravado apenas por Grohl, e não por uma banda de verdade, é uma grande demotape.
De Londres, no final da temporada de shows do Foo Fighters pelo Reino Unido, Dave Grohl concedeu entrevista à Folha, por fax.
A banda agora ruma para os EUA, onde inicia a turnê americana com o Supergrass (do inglês Gaz Coombes, aí do texto ao lado).

Folha - Como você compara esse esperado segundo álbum do Foo Fighters ao primeiro, que você gravou sozinho, tocando guitarra, baixo, bateria, além dos vocais?
Dave Grohl -
Nós consideramos o novo álbum, "The Colour and the Shape", nosso primeiro disco "oficial", já que ele foi gravado por uma banda de verdade.
Enquanto o primeiro CD foi feito em uma semana e gravado por uma pessoa só, o último começou a ser preparado em 1995, ensaiado bastante, durante o ano e meio que ficamos em turnê.
Folha - "The Colour and the Shape" está menos cru, menos punk que o anterior, você não acha?
Grohl -
Acho "The Colour..." mais denso sonoramente, mais profundo. Quando você compõe e grava um disco com uma banda, cada membro pega as canções e tenta destacar mais sua parte, seu instrumento, o que ajudou a fazer do disco um trabalho muito mais dinâmico e poderoso que o primeiro. Para resumir: primeiro CD igual cinco dias; segundo CD igual três meses. O primeiro CD é na verdade uma demotape.
Folha - Uma série de coisas transformou sua vida nos últimos anos: a morte de Kurt Cobain, seu recente divórcio... É isso que está nas letras do novo álbum?
Grohl -
As letras do disco foram escritas pouco tempo antes das gravações. Tudo que aconteceu era muito forte para mim na época, como é ainda hoje. Tudo o que tinha ocorrido nos últimos meses escorreu para o papel.
Às vezes é mais fácil escrever sobre coisas que significam algo a você do que sobre assuntos de absolutos nonsense.
Folha - Você volta à velha bateria no álbum, já que o baterista William Goldsmith deixou o Foo Fighters em março, depois das gravações? Fala-se nos bastidores do rock que você interferia bastante no jeito dele tocar. Isso é verdade?
Grohl -
Eu realmente toco bateria no álbum. A razão é: nós começamos a gravar o disco em Seattle, em novembro, só dois meses depois de acabar a longa turnê. William é um excelente baterista...
Estávamos gravando coisas de um jeito que nenhum de nós tínhamos experimentado antes, com bastante atenção a detalhes. Passamos por uma crise e decidimos parar tudo e ir para Los Angeles, buscar um outro clima para gravar, uma pegada totalmente diferente. Então eu toquei bateria em alguns momentos, refizemos algumas canções. E funcionou. Depois que terminamos o disco, William decidiu que queria ir para casa e tocar com outras pessoas.
Folha - A imprensa musical, principalmente a britânica, diz que, com "The Colour...", o Foo Fighters vai confirmar o título da "última grande banda americana de rock". Você vê assim?
Grohl -
Eu tenho certeza, e espero muito, que não. Há centenas de garotos por toda a América fazendo discos que serão hits daqui a um ano ou dois. Acho meio ridículo dizer que uma banda será a "última grande qualquer coisa".



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice



Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do Universo Online ou do detentor do copyright.